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Faixa etária e desconstrução

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Até quando vamos precisar colocar a homofobia na conta das diferenças geracionais? Em alta essa semana, uma discussão sobre compartilhamento de vídeo de um pastor que afirmara que “não concorda, mas respeita” o relacionamento homoafetivo. Ante a repercussão negativa da fala do religioso, a ex-BBB Rafa Kalimann e o ator Caio Castro se retrataram (ele nem tanto assim) por terem repassado o vídeo em suas redes e o assunto rendeu debates em diversos canais de TV e da internet.

O posicionamento de Rafa Kalimann seguiu o script esperado: ela afirmou que fez uma determinada leitura da fala do pastor, mas não se havia se colocado no lugar dos LGBTTQIA+ que se sentiram ofendidos por essa mesma fala. Desculpou-se, apagou o vídeo e chorou muito, arrependida do cancelamento que recebeu. Sobre ela, não tenho muito a comentar, exceto o fato de que foi esquisito ela postar o vídeo em seu Instagram, com mais de 20 milhões de seguidores, e a retratação vir somente no Twitter, onde ela é seguida por apenas 10% desse público.

No caso de Caio Castro, a questão se aprofunda um pouco mais. Porque, além de não remover o vídeo de imediato, ele ainda tentou se desvencilhar da fala do pastor ao argumentar algo sobre ser “contra ele ser contra”. No entanto, Caio defende que a “opinião” de pessoas sobre a sexualidade alheia deve ser respeitada. E vocês, o que acham? Eu ou qualquer outra pessoa podemos opinar sobre a sexualidade de você, que lê esse texto? E se eu for contra você ter um relacionamento heterossexual, cisgênero, monogâmico, eu tenho direito de pautar como e com quem você se relaciona?

Mas vamos à cereja do bolo: a apresentadora do SBT Patrícia Abravanel, também conhecida como filha do Sílvio Santos, defendeu o pastor e Caio Castro numa só cajadada, alegando que as pessoas precisam “concordar em discordar” e que precisamos entender que o pastor e os adultos de hoje em dia foram criados em uma sociedade conservadora, com valores e princípios diferentes do que esperam os LGBTTQIA+ e que, por isso, precisam ser compreendidos.

Vamos por partes, senhora Patrícia:

Primeiro, que pessoas LGBTTQIA+ existem desde os tempos mais remotos da História da Humanidade, não foram uma criação da década de 1960 em Stonewall, nos EUA. E segundo que, do mesmo jeito que existe gente preconceituosa de todas as gerações, existe gente desconstruída nas mesmas faixas etárias. Dou-lhe dois exemplos de personalidades bem conhecidas da nossa cultura brasileira:

O primeiro deles é Sílvio Santos, hoje aos 90 anos, pai da apresentadora. O Homem do Baú já teve diversas demonstrações de homofobia em seu programa dominical, como no dia em que ele se referiu aos artistas David Brazil, Gominho e Pabllo Vittar como “bichas”, pra citar apenas um dos momentos. Poderia discorrer muito ainda sobre episódios de misoginia, racismo, machismo e muitos outros vexames inaceitáveis no século XXI.

O segundo exemplo, na contramão de Sílvio, é o empresário Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica. Aos 85 anos, Maurício não somente respeita a comunidade LGBTTQIA+ como acolheu, incondicionalmente seu filho Mauro Souza, assumidamente homossexual. O personagem Nimbus, dos gibis da Turminha, foi inspirado na personalidade de Mauro. Evidentemente, o personagem é uma criança e, portanto, sua sexualidade não tem relevância para os quadrinhos.

Então, se de um lado temos Maurício de Souza e, do outro, Sílvio Santos, pessoas de uma mesma geração mas com desconstruções tão diferentes em relação ao respeito à sexualidade alheia, por que continuaremos colocando na conta da idade a homofobia e o preconceito de que essas pessoas insistem em não abrir mão?

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