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Ex-diretor acusa governo de agir para sucatear Correios

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Um ex-diretor dos Correios acusa o governo de ter suspendido investimentos e contratação de pessoal na estatal para forçar a abertura de capital da empresa e favorecer o setor privado.

 
A acusação foi feita em entrevista à Folha pelo ex-diretor de Gestão de Pessoas Pedro Magalhães Bifano, 53, demitido em julho, no auge da disputa entre PT e PMDB pelo comando da autarquia.
 
No ano passado, os Correios tinham mais de R$ 4 bilhões disponíveis entre recursos em caixa e aplicações em bancos e títulos do Tesouro Nacional, um crescimento de 60% em relação a 2006.
 
Apesar de ter dinheiro em caixa, os Correios atravessam uma das piores crises de sua história, a ponto de beirar um "apagão postal", com atrasos na entrega e sumiço de correspondências.
 
Bifano aponta uma ação deliberada do ex-ministro Hélio Costa (Comunicações) e do ex-presidente dos Correios Carlos Henrique Custódio para "sucatear" a estatal.
 
Segundo ele, o objetivo era transformar a autarquia em sociedade anônima para "sair da 8.666 [Lei de Licitações]". "Eles queriam que os Correios fossem sócios de empresas privadas", disse.
 
Costa e Custódio rebatem as acusações e dizem tratar-se de uma "maldade" do ex-diretor. "Não vou responder a um funcionário demitido dos Correios", disse o ex-ministro das Comunicações.
 
"Ele [Hélio Costa] ficava segurando [os gastos], não deixava contratar carros, não deixava contratar aviões, não deixava eu contratar funcionários, para mostrar que o atual modelo não dava. E nós, com R$ 4 bilhões aplicados em caixa. Podia comprar avião, precisava contratar 10 mil funcionários, precisava comprar 2.000 carros", disse Bifano.
 
Em setembro, depois de dois anos de discussão, o governo desistiu de transformar os Correios numa S.A.
 
Segundo Bifano, uma das empresas que seriam favorecidas com a adoção do modelo de sociedade anônima seria a Total Linhas Aéreas, que faz transporte de cargas.
 
De acordo com o jornal "O Estado de S. Paulo", a Total teve um contrato superfaturado em R$ 2,8 milhões assinado em agosto passado.
 
O caos na gestão dos Correios teve como pano de fundo uma disputa de poder e de nomeações políticas entre o PMDB mineiro e o PT.
 
A crise na estatal provocou a demissão de Custódio e de Marco Antonio Oliveira, ex-diretor de Operações. Bifano foi demitido nessa época.
 
Oliveira é suspeito de ter participado de um grupo de lobby que operava dentro da Casa Civil nas gestões da presidente eleita Dilma Rousseff e de sua substituta e braço direito, Erenice Guerra.
 
A crise nos Correios contribuiu para a queda de Erenice, em setembro.
 
Um representante da empresa MTA, companhia que também atua no setor de carga aérea, obteve um contrato no valor total de R$ 59,8 milhões com os Correios depois de ter sido recebido em audiência na Casa Civil por meio de uma empresa de lobby de um dos filhos de Erenice, Israel Guerra.
 
Bifano diz que veio a público agora fazer essas revelações para rebater o ex-ministro Hélio Costa, que atribuiu a ele, nos bastidores, o vazamento para a imprensa das denúncias de lobby que derrubaram Erenice.
 
Outro lado – O ex-ministro Hélio Costa classificou como "bobagem" as declarações do ex-diretor dos Correios Pedro Magalhães Bifano sobre o suposto "sucateamento" da estatal.
 
Ele disse que o ministério não interferia nos Correios e que jamais foi cogitado no governo mudar a condição de estatal da empresa. "Os Correios têm uma diretoria que toma suas decisões."
 
O ex-ministro, que retomou seu mandato de senador (PMDB-MG) após perder a eleição em Minas, contou que, em março deste ano, entregou ao presidente Lula um estudo feito pelo Ministério das Comunicações, em conjunto com a Fazenda e o Planejamento, com sugestões de melhorias na empresa.
 
Ele disse que tratou do tema com Lula recentemente. "Conversamos sobre a necessidade de reorganização e modernização dos Correios. Ele [Lula] me disse que está colocando [o assunto] na pauta de prioridades para apresentar à presidente eleita [Dilma Rousseff]".
 
O ex-presidente dos Correios Carlos Henrique Custódio, indicado por Costa, admitiu que a empresa tem R$ 4 bilhões em caixa, mas disse que, sem mudança na legislação, pouco poderia ser feito para melhorar as condições do serviço postal no país.
 
No caso do transporte aéreo de carga, Custódio afirmou ser a favor da criação de uma subsidiária da estatal por meio de uma PPP (parceria público-privada).
 
Segundo ele, os Correios até poderiam comprar aviões, mas a estatal teria dificuldades para a manutenção. "Se desse problema numa turbina, teríamos de fazer licitação para consertá-la."
 
A Total Linhas Aéreas informou que nunca foi consultada oficialmente para fazer parceria com os Correios.
 
 
 
Folha de S. Paulo

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