O Evangelho traduz a Práxis do Cristo. Sua ação no mundo estabeleceu mudanças nos paradigmas vigentes, convidando-nos a uma experiência afetiva e próxima com Deus, com o Próximo e Consigo mesmo. Propôs elevar a nossa a visão de mundo, demonstrando que somos seres interexistencais. Estimulou a fraternidade nas relações interpessoais, independente de etnia, de crenças e condições sociais, como também a busca do Reino de Deus dentro de nós, através da ação transformadora consciente.
Segundo Mario Sergio Cortella, no livro: Por que fazemos o que fazemos? a expressão Grega práxis significa, ação transformadora consciente, até a atividade de coleta e armazenamento de alguns dos nossos ancestrais é práxis, quando utilizadas na perspectiva de prover necessidades futuras. Daí depreendemos, que o legado do Cristo representando uma ação transformadora consciente, sugere um novo modus-operandi em sociedade, na qual estamos inseridos.
Num esforço de síntese podemos elencar algumas considerações a respeito da cidadania, na sua abrangência conceitual, ligando-as as propostas do Evangelho, como código de ética universal:
- Que a Cidadania depende de uma sociedade capaz de assegurar a qualquer um e a todos a possibilidade de se autorealizarem, em termos de acesso aos bens econômicos e socioculturais disponíveis;
- Que as Leis, existentes em nossa Constituição, são necessárias, mas insuficientes, para a garantia da cidadania plena;
- Que a cidadania exige a presença ativa de pessoas capazes de se reconhecerem como cidadãos. Para tal reconhecimento, é necessário que elas tenham tido a possibilidade de acesso a bens da civilização moderna, na sua formação intelectual, profissional, etc.
Propostas do Evangelho:
- Amar a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a Si Mesmo. ( Mt. 22, 34-40)
- Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também, por que essa é a Lei e os Profetas. (Mt. 7:12)
- Vós sois o Sal da Terra; Vós sois a Luz do Mundo; ( Mt. 5, 13-14)
- Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça. ( Mt. 5, 3-10)
Posta essas considerações, podemos inferir que alcançar o estágio de cidadania plena em uma sociedade inclusiva, justa e fraterna, referendada a partir dos conceitos do Evangelho de Jesus, ainda será um vasto caminho a ser percorrido por todos nós. No entanto, aquilo que disse Mario Quintana, sobre as estrelas, vale também para essa construção; “Que tristes os caminhos, se não fora as luz distantes das estrelas”.
Este é o desafio, promover a Práxis do Evangelho, ou seja, vivenciar o Bem, a Justiça e a Paz, em todas as dimensões possíveis.