O Papa Francisco, movido pelo imediato amor aos pobres, assim como deve ser o agir de todos os cristãos, a cada ano nos convida a meditar mais demoradamente sobre aqueles irmãos tão queridos e amados por Deus: os pobres; e para esse fim, ele destina a todos uma Mensagem Mundial dos pobres. O tema da Mensagem deste ano é: “Estende a tua mão ao pobre” (Sir 7,32). O Papa começa sua mensagem chamando-nos à atenção para a superação da indiferença: “Hoje ressoam com toda a densidade do seu significado para nos ajudar, também a nós, a concentrar o olhar no essencial e superar as barreiras da indiferença. A pobreza assume sempre rostos diferentes, que exigem atenção a cada condição particular: em cada uma destas, podemos encontrar o Senhor Jesus, que revelou estar presente nos seus irmãos mais frágeis (cf. Mt 25, 40)”.
Compreendemos bem que uma verdadeira vida santa sempre exige o compromisso com os pobres; há um santo dever que nos faz estender a mão para os mais necessitados. Um verdadeiro homem e mulher sábios comprometem-se com Deus e com aqueles que Deus tem um amor de predileção: os pobres. Afinal, como nos assegura o papa: “a constante referência a Deus não impede de olhar para o homem concreto; pelo contrário, as duas realidades estão intimamente conexas”.
O pobre para o Evangelho não é uma causa ou bandeira, e nem o seu centro. Mas precisamos decididamente amá-lo e ajudá-lo, movidos unicamente pelo amor a Deus, e nunca devemos explorar a sua imagem, na tentativa de tirar benefícios. O Papa argentino, ao longo do desenvolvimento de sua Mensagem em questão, diz que a celebração do verdadeiro culto a Deus coloca em pauta a imagem de Deus, que está gravada em toda pessoa humana, mesmo a mais indigente e desprezada. Uma exortação que o santo padre ainda nos faz tremer a nossa consciência no compromisso solidário com os pobres: “o tempo que se deve dedicar à oração não pode tornar-se jamais um álibi para descuidar o próximo em dificuldade. É verdade o contrário: a bênção do Senhor desce sobre nós e a oração alcança o seu objetivo, quando são acompanhadas pelo serviço dos pobres”. Uma das grandes chamadas evangélicas que deve nos guiar nessa solidariedade que nos coloca diante do serviço aos pobres é a realidade fundamental para a vida da Igreja: a companhia dos pobres nos auxilia a enxergar a companhia de Cristo na concretude da vida.
Peçamos ao Bom Deus, que tão proximamente ama a todos, que nos ajude a estender a mão aos pobres e vulneráveis. Que a grande Mão de Deus, solidária e acolhedora, se prolongue em tantas mãos que têm ajudado a humanidade na superação da pandemia: sacerdotes, médicos, enfermeiros, voluntários… Não nos cansemos de estender nossas mãos na direção de quem necessita!