Nossa cultura ocidental está impregnada de uma lógica de grandeza que acaba por influenciar nosso modo de conceber a vida e a ideia de sucesso. Essa lógica é baseada em conceitos de super, hiper e mega, que vemos em apelos como: “seja um super pai”, “tenha uma hiper felicidade”, realize um mega sonho”. Esses apelos são o reflexo de como a valorização neurótica da grandeza é dominante em nossa cultura.
Muitas vezes, as pequenas coisas passam até despercebidas, mas são exatamente elas que embelezam e dignificam nossas atitudes, refletindo nossos mais nobres valores e sentimentos guardador no coração. São os pequenos detalhes, e não os grandes, que fazem a diferença em nossos mais significativos relacionamentos e que marcam nossa história de vida com lembranças plenas de saudáveis recordações.
Na verdade, ninguém precisa de muita coisa para ser feliz. Todavia, quando algumas pequenas coisas faltam, é difícil concretizar o sonho de felicidade. Uma esposa, por exemplo, não precisa de presentes caros e muitas joias para ser feliz. Basta o amor do marido, manifesto em gestos simples, como um abraço, um olhar carinhoso e outras pequenas atitudes que a façam sentir-se segura, amada e realmente especial.
Os filhos não precisam de brinquedos sofisticados, embalados e enfeitados pela culpa que os pais carregam consigo, para tornarem-se crianças saudáveis. Pequenos gestos de carinho, amor, companhia e atenção por parte dos pais são suficientes para alegrar o coração delas, além do que são também maneiras afetivas de presentear os filhos. Pequenos gestos produzem lembranças que se eternizam na vida de uma criança.
Estamos cada vez mais nos esquecendo de detalhes essenciais à vida, como cortesia, solidariedade, atenção, uma visita, uma palavra amiga, uma mão estendida, uma generosidade, um abraço, uma presença marcante. A cultura que supervaloriza as embalagens e as formas, termina por não atentar para o que é essencial, muitas vezes escondido nas coisas pequenas, imperceptíveis e aparentemente sem valor. Cuidado: a essência não pode sucumbir à aparência. São os pequenos detalhes e pequenos gestos que refletem a essência da nossa alma. Nossas verdades interiores.
ESTEVAM FERNANDES