A economia do crime e a migração da atividade econômica legal para a ilegalidade são foco de debate que será realizado no dia 11 de junho, às 19h, no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O debate será conduzido pelo professor Pery Shikida, da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), que também estará lançando o livro “Memórias de Um Pesquisador em Cárcere”.
O professor Shikida vem a convite do departamento de Economia da UFPB, com apoio do Conselho Regional de Economia da Paraíba (Corecon-PB). Ele deverá abordar os aspectos metodológicos da economia do crime identificados durante pesquisa de estudo de caso em estabelecimentos penais do Rio Grande do Sul.
As descobertas do grupo de pesquisa resultaram no livro “Memórias de Um Pesquisador em cárcere”, que relata situações desafiadoras e curiosas vivenciadas na aplicação dos questionários durante os trabalhos.
O livro – O livro traz situações pitorescas vividas pelo professor e sua equipe em 19 anos de pesquisas em instituições carcerárias brasileiras. Com graduação, mestrado e doutorado em Economia, Shikida se envolveu nos ambientes prisionais pela necessidade de orientar um aluno de graduação.
“Fui buscar dados para uma pesquisa e um policial falou que os que tinha não eram consistentes, pois havia muita subnotificação. Eu reclamei: ‘Como vamos fazer uma pesquisa com a falta de dados reais?’ E então ele abriu a janela do presídio e respondeu: ‘Vai lá perguntar para o dado real, tem um monte lá!’ Eu falei: ‘Nossa Senhora!! Você acabou de me dar uma ideia!”, conta o professor.
Desde então, o doutor em economia percorre unidades prisionais para conversar com detentos e detentas sobre os motivos que levam os indivíduos a cometerem crimes de natureza econômica, quais as circunstâncias ocupacionais que o fizeram optar pela ilegalidade e a pergunta que já se tornou praxe: o crime econômico compensa?
Perguntado sobre o que mais impactou em quase 20 anos de contatos com presidiários, Shikida fala de um conjunto de emoções. “Medo quando um dos nossos pesquisadores quase foi alvejado por um tiro; alegria ao ver detentos saírem da reincidência; nojo ao conhecer uma pessoa que cometeu crime de estupro de vulnerável e a compaixão ao sentir, de perto, o que é uma carência afetiva feminina”, relaciona. “Talvez, a riqueza das histórias narradas no livro seja exatamente suas múltiplas facetas do sentimento humano que ela vai despertar no leitor”.