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“É tudo verdade’ nos brinda com um panorama amplo e diverso do documentário mundial 

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Os apreciadores do cinema, em particular do gênero documental, têm até amanhã, dia 10 para conferir a produção documentária contemporânea  originária de diversos países. O maior festival de documentário brasileiro, o É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, na sua 27ª edição, volta em formato híbrido, parcialmente presencial e com extensa programação on-line gratuita. O cinema documental, antes restrito à programação de cinematecas e festivais, sempre com ínfima participação entre os filmes de ficção, ganha força nas plataformas digitais e na programação de mostras e festivais. 

São ao todo 74 documentários de longa e de curta-metragem de 34 países que dão conta de uma diversidade de temas e estilos. Na abertura do É tudo verdade, no último dia 31 de março, uma data perversamente simbólica, o festival destacou duas obras recentes do cineasta escocês Mark Cousins: ‘A história do olhar’ (2021, 90’) e ‘A história do cinema: Uma nova geração’ (2021, 160’) ambos do Reino Unido. No primeiro, Cousins filosofa sobre o papel da visão na construção da nossa perspectiva e sentimentos sobre o mundo. 

Durante a pandemia, isolado em seu apartamento em Edimburgo, capital da Escócia,  enquanto espera uma cirurgia para implantação de uma córnea, Mark Cousins narra em primeira pessoa suas impressões sobre o que enxerga do mundo.  Desfilam na tela imagens capturadas pelo diretor em diversos momentos de sua vida, além de imagens de arquivo. É um documentário com forte predomínio de uma narrativa autobiográfica, que fala de si, mas também da impressão de outros sobre o olhar. Cousins narra todo o tempo deitado em sua cama com uma câmera estrategicamente posicionada para exibi-lo. No entanto, há imagens externas onde o vemos sendo operado do olho, banhando-se nu no mar ou flanando pelas ruas. 

Por seu turno, em ‘A história do cinema: Uma nova geração’, temos uma reflexão pessoal do diretor expressa na sua voz suave sobre as imagens de uma quantidade significativa de filmes contemporâneos. Mark Cousins, que assina a direção, roteiro e fotografia (com câmera adicional de Jack Archer), selecionou uma série de filmes que o impressionaram por um determinado aspecto da mise-en-scène ou do roteiro, sem esquecer o papel da tecnologia digital na arquitetura de suas narrativas. Neste filme de longuíssima-metragem (quase três horas de duração, o cineasta aborda a forma como o cinema falou de nós, de como nos mostrou e de como olhou para o nosso interior.

Desfilam na tela filmes de distintas cinematografias: do surpreendente musical indiano ‘Ram-Leela’ (Sanjay Leela Bhnsali, 2013) uma adaptação livre de ‘Amor sublime amor’ (West Side Story, Robert Wise e Jerome Robbins, 1961), passando por ‘Três tempos’ (2005) do taiwanês Hou Hsiao-Ssien; ‘O ornitólogo’ (João Pedro Rodrigues, 2016), uma produção luso-franco-brasilleira; ‘Um elefante sentado quieto’ (2018), filme de quase seis horas de duração, do chinês Hu Bo, que tirou sua própria vida antes da estreia do seu único longa; aos inquietantes ‘Difícil ser um Deus’ (Aleksei German, Rússia, 2014), ‘O peso do silêncio’ (Dinamarca, 2014) de Joshua Oppenheimer; e ‘Propaganda’ (2012), um “cros-documentário” que passou dez anos sem revelar a identidade de seu verdadeiro diretor, o neo-zelandês Slavko Martinov. Um deleite para os cinéfilos e estudiosos de cinema.

Particularmente, fiquei tocado com a história real de duas jovens enamoradas que se separam, por força das circunstâncias, na França dos anos 1920. Além do comovente drama da jovem Marcelle (16 anos), internada com tuberculose num sanatório e saudosa da sua companheira Emma (17), o documentário esbanja criatividade a partir da carência de imagens fotográficas (e em movimento) das personagens (apenas poucas fotografias deixadas por elas) lançando mão para a sua narrativa de cartas escritas por Marcelle para Emma ilustradas por filmes caseiros da época. O filme em questão é ‘Ultravioleta e a gangue de cuspidoras de sangue’ do diretor francês Robin Hunzinger.

Hunzinger recebeu de sua avó Emma as cartas escritas por Marcelle que estavam sob a sua guarda e revelavam a história de amor entre elas. Emma e Marcelle se conheceram em 1923 numa escola para professores em Dijon e se apaixonaram. Emma parte para se dedicar aos estudos e, dois anos mais tarde, Marcelle contrai tuberculose e se interna num sanatório. É lá que Marcelle conhece outras garotas enfermas (as “cuspidoras de sangue” do título) e onde vai vivenciar a dor da morte, sem deixar de escrever suas cartas de amor a Emma. É impressionante a quantidade de filmes utilizados pelo documentário de Hunzinger que se encaixam perfeitamente com o conteúdo das cartas de Marcelle. Comovente e criativo.

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