Desnutrição extrema dos povos indígenas choca o Brasil! Dizimados ao longo do tempo, os indígenas brasileiros, povos originários da terra brasilis, encontram-se em estado de calamidade pública. Imagens desoladoras de crianças e idosos que vivem nas aldeias Yanomami, em situação de desnutrição assustadora, praticamente em “couro e osso”, estremeceram o mundo fazendo os brasileiros refletirem sobre a conduta dos seus governantes, a efetiva responsabilização dos eventuais culpados e o real conceito de humanização.
No século XVI, ao desembarcarem no Brasil, os portugueses foram recepcionados por cerca de 5 milhões de indígenas, os verdadeiros donos da terra brasilis, moradores que habitavam e cuidavam da flora e fauna local, mas que mesmo sendo considerados “seres exóticos” aos olhos dos colonizadores, não foram poupados da escravidão e do extermínio. Obrigados à renunciarem suas tradições e costumes, à se curvarem às vontades e regras dos colonizadores europeus, perderam a liberdade, e quase 500 anos pós-colonização, os reflexos ainda são cruéis, os direitos básicos, como o direito à vida, à igualdade e à propriedade, lhe são ceifados sem dó e piedade ainda nos dias atuais.
Com o fim da escravidão, iniciativas reparadoras e protetoras, oriundas dos governos federais de outrora, como doações de frações de terras destinadas aos povos originários para a auto subsistência e o isolamento para que as tradições e raízes fossem mantidas, não foram suficientes para evitar tragédias frutos da ganância humana e do capitalismo desenfreado; garimpeiros, grileiros e a indústria madeireira não pouparam as terras indígenas do desmatamento, causando um rastro de destruição na Floresta Amazônica e nas aldeias indígenas abrigadas no ceio dela.
Invasões de terras indígenas, transmissão de doenças, poluição das águas devido o mercúrio utilizado no garimpo ilegal, omissão de socorro, homicídios, estupros, incêndios, negligência, falta de assistência social, impunidade dos invasores, são fatores que dizimaram a população indígena no país, diminuindo-a para aproximadamente 900 mil (distribuídas em 305 diferentes etnias) e provocaram a situação de emergência que enfrenta o povo Yanomami sobrevivente.
Subdivididos em quatro subgrupos e vivendo entre 200 e 250 aldeias na divisa entre Venezuela e Brasil, numa média de 30 mil indígenas, o povo Yanomami perdeu nos últimos anos 570 crianças por contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, sendo a principal causa mortis o impacto das atividades de garimpo ilegal na região de Roraima e da Amazônia.
Questiona-se: “Quem são os reais culpados?”, “Por que flexibilizar a responsabilização dos invasores das terras indígenas, dos garimpeiros ilegais e dos madeireiros causadores desmatamento desenfreado?”, “Como entender leis como a sancionada em julho do ano passado pelo governador Antonio Denarium de RR, que proibiu os órgãos ambientais de fiscalização, Polícia Militar do Estado de Roraima e da Companhia independente do Policiamento Ambiental – CAPA, destruir e inutilizar bens particulares apreendidos nas operações/fiscalizações ambientais no estado?”.
O Estado brasileiro precisa reconhecer o valor dos povos indígenas e resgatar a dignidade desses semi-nômades que tanto representam o Brasil e que tão pouco necessitam para sobreviverem mantendo suas tradições e raízes. Seres humanos originários, protagonistas da história do Brasil, injustiçados com a colonização exploratória, que preservam a natureza para colher dela o cultivo de roças suplementado pelos produtos da caça, da coleta de frutos e insetos não deveriam ser ameaça, não deveriam ser novamente vítimas de exploradores e invasores, deveriam sim, ser acolhidos, preservados e protegidos como patrimônio cultural brasileiro.