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Dinheiro, poder e intrigas: o que está por trás da crise entre Bolsonaro e o PSL

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A tentativa do presidente Jair Bolsonaro de se descolar do PSL se espalhou como um rastilho de pólvora dentro da bancada do partido, uma das mais belicosas do Congresso. A declaração dada nesta terça-feira (8) por Bolsonaro – de que o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), está “queimado pra caramba” e que é melhor esquecer o PSL – deflagrou uma lista de apoio ao presidente, outra de solidariedade a Bivar, troca de acusações entre diferentes alas, briga por dinheiro e racha entre calouros e veteranos.

Em sua quinta legenda, Bolsonaro tem histórico de relações complexas com partidos políticos. Como vereador e deputado federal, construiu sua trajetória ignorando a orientação partidária em votações e atacando as agremiações em seus discursos. Nas vezes anteriores, porém, era mero coadjuvante.

Bolsonaro está cercado de um grupo de parlamentares que reivindica que Bivar abra mão da presidência do partido que criou há mais de duas décadas e a ceda a um homem de confiança do presidente, a exemplo do que ocorreu na campanha presidencial, quando Gustavo Bebbiano comandou o partido apenas no período eleitoral.

Aliados de Bolsonaro alegam que Bivar não está preocupado com o presidente, mas com o destino dos milionários fundos partidário e eleitoral a que o PSL terá acesso em função do número de vagas conquistadas na Câmara, ocupadas – lembram eles – graças à onda bolsonarista. Estima-se que o partido receberá, apenas em 2020, mais de R$ 300 milhões somados os recursos dos dois fundos.

Já a ala que defende Bivar vê o movimento de Bolsonaro como uma traição. Para eles, não há como admitir que o deputado pernambucano, que abriu as portas da legenda para Bolsonaro disputar as eleições, seja deposto por pessoas que ingressaram recentemente no partido.

O grupo também não aceita perder o controle sobre recursos públicos para campanhas eleitorais. Alegam que os dois casos de corrupção que mais deixaram o partido “queimado” – palavra usada pelo presidente para se referir a Bivar – estão no quintal dele: as suspeitas de corrupção em torno do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Ambas tratadas com indiferença pelo presidente.

Vida que segue

O deputado Junior Bozzella (PSL-SP) é o porta-voz do grupo que apoia Bivar. Ele diz que não há por que a legenda se opor a uma eventual saída de Bolsonaro da sigla. “Não consigo encontrar outro entendimento para Bolsonaro querer deixar o PSL que não seja essa questão que envolve o dinheiro do partido. O PSL defende 100% o governo nas votações, faz gestos financeiros e políticos através do Bivar. Essa questão de ter o controle do partido não vai levar a lugar algum. O presidente tem quatro anos pela frente, o PSL tem uma vida”, afirmou.

Bozzella diz que Bivar fez concessões aos diretórios paulista e fluminense do PSL, contrariando até mesmo o estatuto partidário, para atender a interesses paroquiais dos filhos do presidente, Flávio e o deputado Eduardo Bolsonaro (SP). “Bivar entregou a chave do PSL, do fundo e do controle partidário, e a segurança jurídica [da legenda] ao presidente. Fatalmente ele seria sabotado em outro partido”, defendeu o parlamentar, que ressalta que entrou no PSL quase dois anos antes do presidente.

Para o deputado paulista, Bolsonaro corre o risco de repetir um erro que o PT e os ex-presidentes Lula e Dilma cometeram. “Eles erraram quando confundiram o Palácio com o partido. O presidente não pode misturar as pautas. Ele tem de tocar o país”, disse.

“Ou entrega ou saímos”

O deputado Bibo Nunes (RS), que há meses expressa publicamente seu descontentamento com Bivar e o PSL, considera que só há duas alternativas em jogo. “Ou o Bivar entrega o partido para o Bolsonaro ou sairemos do PSL”, disse ao Congresso em Foco. “Não é Bolsonaro que está preso ao partido. É o partido que está preso a Bolsonaro. Trocar de partido não é coisa de outro mundo”, acrescentou.

Bibo, que flerta com o Patriota, afirma que, se resolver deixar o PSL, Bolsonaro será acompanhado por mais de 35 dos 53 deputados. Para o gaúcho, falta respeito por parte do comando da sigla em relação ao presidente. “Quem é do PSL e cobra o presidente tem é que se declarar oposição”, protestou. O Patriota é apontado por ele como um possível destino do presidente caso decida deixar o PSL. “Ele deu nome ao partido, antigo PEN, quando quase se filiou”, contou.

Ele acusa o grupo de Bivar de ter olhos apenas para os fundos partidário e eleitoral. “Eles abriram o partido para o Bolsonaro prometendo que agiriam diferente. Mas deram sala e cargos comissionados para o Alexandre Frota [que se filiou ao PSDB após ser expulso do PSL] atacar o presidente em plenário e em entrevistas. Isso é ser parceiro? Estão preocupados com dinheiro. Bolsonaro não é ‘dinheirista’”, atacou.

Deputados do PSL insatisfeitos com a atual direção ainda discutem uma estratégia em comum. Pela legislação eleitoral, o mandato deles pertence ao partido. Para não serem cassado por infidelidade partidária, eles precisam apresentar uma justa causa, como comprovar que são perseguidos politicamente ou que estão indo para uma nova legenda. Para muitos deles, esse é o caminho mais seguro para a manutenção de seus mandatos.

“Mais sozinho”
Gustavo Bebbiano, que presidiu o PSL durante a campanha eleitoral, disse ao Congresso em Foco que não vê motivo para a ameaça de debandada de Bolsonaro. “Até onde sei, o Bivar cumpriu tudo o que combinou. O PSL acolheu o Jair e viabilizou a sua eleição. Não acho correto falar assim de um aliado. Não mesmo!”, declarou. “O Jair parece fazer questão de ficar cada vez mais sozinho. Não é assim que se faz política”, emendou o advogado, demitido da Secretaria-Geral da Presidência após se desentender com o presidente e um de seus filhos.

Os líderes do PSL na Câmara e no Senado também manifestara incredulidade com as declarações do presidente. O senador Major Olimpio (SP) disse ter ficado “perplexo” com os comentários de Bolsonaro. “Eu não vejo motivos, se tiver qualquer circunstância é mais fácil resolver qualquer circunstância ou desacordo do que ele sair”, declarou. “Pegou a todos de calças curtas”, acrescentou.

Líder da bancada na Câmara, Delegado Waldir (GO) foi duro ao rebater o comentário do presidente. “Como você fala do quintal alheio se o seu quintal está sujo? As candidaturas em Minas Gerais e Pernambuco estão sendo investigadas. Mas o filho do presidente também”, declarou ao site da revista Época. “Bolsonaro não está algemado no PSL, não. Aqui não tem ninguém amarrado. Candidatos majoritários, como o presidente, governadores e senadores, têm liberdade para trocar de partido quando quiserem”, destacou.

Congresso em Foco

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