A relação entre situação e oposição no governo Dilma ainda é considerada incerta por analistas e políticos. A base aliada conseguiu fazer a maior bancada no Congresso, mas o PSDB conquistou o governo em oito colégios eleitorais, sendo alguns dos principais como São Paulo e Minas Gerais.
Dilma contará com 311 dos 513 deputados. No entanto, se for levado em conta os partidos que hoje apoiam o Governo Lula, esse número sobe para 402 deputados – a maior desde a redemocratização do Brasil. No Senado, a petista também terá maioria, de 52 a 60 das 81 cadeiras.
O cientista político Waldir Pucci levanta um sinal de alerta dentro da própria base aliada. Ele lembra que o vice-presidente Michel Temer vem de um partido grande e com força política. “A gente não sabe como vai ser essa relação de dois grandes agora. O papel de vice-presidente vai ser o de buscar a negociação com o Congresso Nacional. Justamente pela facilidade de trâmite que ele tem junto aos parlamentares. Mas não se pode esquecer que Michel Temer é também um grande defensor do PMDB. E, se houver uma crise entre PT e PMDB, o Michel Temer vai ficar ao lado do PMDB e não ao lado do governo", avaliou Pucci.
Para o deputado João Almeida (PSDB-BA), a oposição parlamentar não deve mudar muito em relação ao governo atual. "O governo Lula tinha uma maioria muito folgada na Câmara dos Deputados. Só não tinha facilidade para aprovar matérias constitucionais. Essas matérias acabam tendo uma participação popular muito grande. Acho que o governo continuará com folga para aprovar matérias ordinárias e até leis complementares, mas matéria constitucional não será muito fácil, pois a participação popular será maior agora do que no passado."
Sem revanchismos – Outra preocupação é com possíveis reações a ataques sofridos durante o processo de disputa eleitoral. O deputado Fernando Ferro (PT-PE) garante, no entanto, que os interesses do País não serão atropelados por revanchismos. "Não vamos detratar nem humilhar ninguém. O País é um conjunto de forças, inclusive de pessoas que não votaram em nós, que precisam melhorar a vida e que esperam o nosso trabalho. Nós temos que responder nessa direção".
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que Dilma buscará o diálogo com a oposição para cumprir o desafio comum de manter o ritmo de crescimento sustentável e com inclusão social e redução da miséria.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), se disse confiante na relação entre a presidente eleita, Dilma Rousseff, e o Legislativo, porque os partidos que compuseram a base de apoio a ela já somam parlamentares suficientes para dar maioria ao governo. "Vivemos uma situação inusitada e muito positiva para a democracia, porque é a primeira vez que um presidente obteve maioria já na eleição", disse.
Agência Câmara