Empenhada em amenizar a tensão provocada pela aprovação do novo salário mínimo de R$ 545, a presidenta Dilma Rousseff abriu a reunião realizada nesta sexta-feira com as seis centrais sindicais defendendo a atuação conjunta entre governo e trabalhadores. Dilma, que anunciou a participação dos sindicalistas nos conselhos de empresas estatais, aproveitou a chance para exaltar o antecessorLuiz Inácio Lula da Silva e dizer que o ex-presidente assegurou o interesse da categoria.
"Esta representação das centrais, ela é muito importante. Falta, sem dúvida, uma pessoa, que é o presidente Lula porque ele lutou muito por esta lei", afirmou Dilma, em uma rápida fala na abertura do encontro. "Eu sou testemunha da quantidade de vezes que ele perguntava para o Paulo Bernardo: “E aí, ô Paulo, e a minha regulamentação da participação dos trabalhadores no conselho das empresas?”. Sem economizar nos afagos, Dilma disse que a iniciativa é "algo estratégico para o País".
A reunião de hoje marcou o primeiro encontro entre a presidenta e o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, desde que o Congresso aprovou o salário mínimo proposto pelo governo. Para minimizar o risco de novos constrangimentos, o deputado foi orientado a evitar entrevistas na véspera do encontro de hoje. Segundo o iG apurou, o pedido foi feito pelo interlocutor de Dilma, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. De acordo com um assessor próximo, Carvalho disse “calma, peão”.
Presidente da Força Sindical desde 1994, Paulinho foi o principal integrante da base aliada a defender o valor de R$ 560 contra os R$ 545 propostos pelo governo. O deputado foi responsabilizado pelo fato de nove dos 27 congressistas do partido terem votado a favor dos R$ 560. Ele também divergiu do presidente do PDT e ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Após a votação, Paulinho foi criticado por congressistas do PT, que cobraram fidelidade ao governo. Irritado, respondeu com rispidez e até xingamentos. Em entrevista ao Poder Online no domingo, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que as declarações de Paulinho causaram “desconforto” e que o deputado “está caminhando para a oposição”.
Fundada por Lula nos anos 1980, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) não foi representada na reunião de hoje por seu atual presidente, Artur Henrique. Ele está fora do País, em viagem particular. A central foi representada no encontro pelo vice-presidente da CUT José Lopes Feijóo.
Além da Força e da CUT, outras quatro centrais estiveram na reunião: Nova Central, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB).
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