A presidente Dilma Rousseff afirmou que "não há crise nenhuma", ao referir-se ao momento de maior tensão entre seu governo e a base de apoio no Congresso Nacional.
Em entrevista à revista "Veja", Dilma disse que "perder e ganhar votações faz parte do processo democrático" e que "crise existe quando se perde a legitimidade".
A presidente atribuiu a crise existente, desde que descontentes do PMDB lançaram um manifesto na Câmara contra o espaço do PT no governo, a "um momento tenso, natural em um ano de eleições municipais".
Ela não comentou, contudo, a série de reveses políticos, que não se resumiram à perda de votações. E vociferou o que seus auxiliares vêm dizendo: "Não gosto desse negócio de toma lá, dá cá".
Reclamou do termo "faxina" para referir-se às mudanças causadas por suspeitas de corrupção no governo. "Parece preconceituoso. Se o presidente fosse um homem, vocês falariam de faxina? Isso é bobagem", afirmou.
A entrevista foi concedida na última quinta-feira, após o encontro com empresários no Palácio do Planalto. Dilma repetiu o que disse a eles: negou protecionismo, mas prometeu defender a indústria nacional, além de cobrar investimentos estatais e privados para tentar retomar o crescimento econômico.
E prometeu diminuir a carga tributária. "Vamos baixá-la", disse.
Sobre a China, ela afirmou que a mudança do padrão econômico de exportador para importador do país asiático será benéfica ao Brasil. "A parte da indústria brasileira que via a China como ameaça poderá passar a vê-la como oportunidade de mercado."
Disse que não tentou "dar lições" à chanceler alemã, Angela Merkel, quando criticou o fluxo de capital externo descontrolado rumo ao Brasil. "Obrigada, mas não queremos pagar as exorbitantes taxas de permanência desses empréstimos. Eu quis deixar claro que o Brasil não quer mais ser visto como destinação de capital especulativo."
Folha Online