A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (8) a empresários que atuam na transposição do rio São Francisco que acompanhará pessoalmente o andamento da obra, cujo cronograma está atrasado.
Em reunião em Juazeiro do Norte (533 km de Fortaleza) sobre a retomada da transposição, Dilma disse que o governo está implantando um sistema de monitoramento online da execução dos recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e prometeu voltar à região para nova vistoria.
Dilma visitou nesta quarta trechos da transposição nos municípios de Floresta (PE) e Mauriti (CE).
Em entrevista, afirmou que sua presença na região era um "marco" para a retomada das obras. A previsão oficial é que todos os trechos da obra estejam em andamento até março.
O Ministério da Integração Nacional chegou a divulgar meta de conclusão, até o final deste ano, de trecho do eixo leste que servirá para testes do sistema de operação da captação de água.
A obra conta hoje com 3.900 trabalhadores – a previsão é chegar a junho com 6.500.
Para a retomada, o governo teve que renegociar contratos com os empresários, que reclamavam de aumento de custos além daqueles previstos no projeto inicial.
Com orçamento de R$ 6,8 bilhões, 36% maior do que o originalmente previsto, a obra teve cronograma prorrogado até 2014, quatro anos além da estimativa inicial.
Participaram da reunião a portas fechadas representantes das cerca de 20 empresas e consórcios envolvidos na obra. Dilma não falou com a imprensa após o encontro.
Em contatos anteriores com repórteres durante o dia, a presidente já havia se recusado a comentar temas alheios à transposição – como a greve da Polícia Militar na Bahia. Em Floresta, ela cobrou das empresas velocidade de "regime de cruzeiro" na construção do empreendimento.
Empresários ouvidos pela Folha consideraram "tranquila" a reunião. Disseram esperar que, com a renegociação dos contratos, a obra possa deslanchar.
HISTÓRICO
A transposição do São Francisco começou em agosto de 2007, e se estende pelos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Com dois canais principais, a obra pretende levar água a regiões atingidas pela seca no Nordeste. A expectativa é que, quando pronto, o empreendimento beneficie 12 milhões de pessoas.
Nos últimos meses, o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou indícios de superfaturamento na obra.
Folha Online