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Dilemas do PT da Paraíba

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Pesquisa do Datafolha, divulgada após a prisão política do presidente Lula, aponta que 20% dos brasileiros têm simpatia ou preferência pelo PT, mantendo o Partido dos Trabalhadores em primeiro lugar no ranking. Na pesquisa anterior, o resultado conferia 19%, ou seja, houve uma oscilação para cima. Para se ter ideia da dimensão destes números, o segundo lugar é ocupado pelo MDB com 4%, seguido do PSDB em terceiro lugar com 3% e do PDT e PSOL empatados com 1%. A soma de todos eles não chega à metade da opção pelo PT.

Em seu melhor momento, março de 2013, segundo o mesmo Datafolha o PT já dispôs da preferência de 29% do eleitorado. Já seu pior momento, também divulgado pelo mesmo instituto no ano de 2016, o partido caiu para apenas 9% da preferência do eleitorado. Ou seja, desde o golpe contra a presidenta Dilma o PT vem recuperando a simpatia do eleitorado brasileiro. Estes dados em nível nacional colocam o partido em novo cenário este ano. Diferente de 2016, quando o partido estava acuado e sofreu uma grande derrota nas urnas, banhadas pela onda conservadora, agora em 2018, nenhum outro partido tem um programa e um discurso tão definidos quanto o Partido dos Trabalhadores, que está “fora das cordas” e em condições políticas de crescer nestas, como indicam as projeções em quase todo o Nordeste.

Em 2016, o partido decidiu-se pela candidatura própria em João Pessoa, tendo como argumento central a impossibilidade de apoiar a candidata Cida Ramos (PSB) que tinha como vice o deputado federal Wilson Filho (PTB), um dos apoiadores do golpe contra a presidenta Dilma. Voltando para o presente, em um de seus discursos, o presidente Lula afirmou que sua prisão é parte deste mesmo processo que destituiu a presidenta Dilma, ou seja, não haveria permitir que ele disputasse a eleição dois anos depois.

Diante deste cenário ficam duas perguntas: Se não era possível subir no mesmo palanque que golpistas em 2016, o que fará possível subir em 2018? E ainda, como favorecer o projeto nacional contribuindo para a reeleição de parlamentares que em nível nacional ajudaram a derrubar a presidenta Dilma? Por tudo o que representa o PT sempre será criticado e até mesmo combatido. Por isso, se for para agradar alguém, que este “alguém” seja a sua própria base social. É fácil encontrar quem criticava o Partido dos Trabalhadores por ser muito radical, e que depois passou a criticá-lo por ele ter cedido às alianças e perdido sua identidade.

A postura coerente do governador Ricardo Coutinho que, a partir do segundo turno das eleições de 2014, nunca deixou de hipotecar apoio ao governo da presidenta Dilma e ao nome do presidente Lula, é reconhecida e homenageada pela esquerda em todo país. Não há dúvidas que PT da Paraíba deseja apoiar a continuidade do projeto político que ele representa a frente do governo do estado. No entanto, a dúvida é se há condições para isto. O PT, que não vem sendo convidado para nenhum diálogo a respeito das eleições deste ano, terá condições de participar de uma chapa composta por políticos que estão vetados inclusive por seu VI Congresso? Fale-se até na aproximação do PP de Aguinaldo Ribeiro na chapa de João Azevedo (PSB) que vem a ser, apenas, o líder do governo Temer na Câmara.

Algumas vozes na imprensa se apressarão em dizer que, a simples discussão sobre uma candidatura própria, ou não, será uma ingratidão do PT ao governador Ricardo Coutinho. Ignoram que em nível nacional, longe das pressões imediatas da província, o PSB tem pré-candidato a presidência, o ex-ministro do STF e pioneiro no ativismo punitivista do Judiciário, Joaquim Barbosa. Além do PSB, o PCdoB com Manuela D’ávila, o PSOL com Guilherme Boulos e o PDT de Ciro Gomes têm pré-candidaturas,  todas legitimamente colocadas no campo à esquerda.

Ao apoiar os presidentes Lula e Dilma, o governador Ricardo Coutinho ganhou projeção nacional e conseguiu representar na Paraíba a liderança do pólo democrático e popular, empurrando para um campo conservador e próximo de Temer os seus adversários, sobretudo o senador Cássio Cunha Lima. Se lembrarmos da presença do presidente Lula em Monteiro (março de 2017) teremos dimensão de como a política nacional também polarizará as eleições na Paraíba este ano.

A partir de um programa e de um arco de alianças que possibilitem a aproximação, o PT pode apoiar a candidatura de João Azevedo. Aliás, atualmente, sem cobrar espaços no governo do estado, o partido já vem compondo a base de apoio do governador Ricardo Coutinho.  Mas, caso decida se tornar uma tendência externa do PSB estará destinado à irrelevância. Até para quem defende priorizar o projeto nacional, é evidente que a única garantia para que uma candidatura petista à presidência da República tenha palanque na Paraíba é a disposição do partido em apresentar pré-candidatura ao governo do estado.

Setores da imprensa que antes apostavam na invisibilidade do PT, agora criticam a possibilidade de candidatura própria do partido. O PDT, da vice governadora Lígia Feliciano, que se tornou manchete a partir da pré-candidatura ao governo, não tem nenhum deputado estadual, enquanto o PT tem três. O PDT possui um deputado federal, e o PT também tem. Porém, o PT tem mais: um dos mais consideráveis tempos de TV, capilaridade nos movimentos sociais e a simbologia do presidente Lula, maior líder popular do país e com amplo reconhecimento no Nordeste. Alguém acha que na Paraíba o nome do presidente Lula precisa do apoio de alguma liderança para ter simpatia do eleitorado?

Uma eleição de primeiro turno não é um sistema binário. Tampouco o PT surgiu com o tamanho que tem hoje. Nas eleições de 1989, Lula foi para o segundo turno com 17,18% contra 16,51% de Leonel Brizola (PDT), menos de 500 votos de diferença. A postura mais firme na Constituinte de 1988, quando votou contra o texto final, embora tenha assinado, colocava o partido como uma referência para a classe trabalhadora naquele ano. E diferente do que alguns afirmam, não foram as alianças de 2002 que elegeram Lula, mas, o fato de ser o PT aqui no Brasil a alternativa ao neoliberalismo do PSDB, reinante durante a maior parte da década de anterior. Não apenas em nosso país, mas, em todo o continente, uma onda vermelha gerou governos de esquerdas ou progressistas, alguns mais radicais e outros mais moderados, porém, sempre oriundos das forças de esquerda que se apresentavam como alternativa ao modelo neoliberal.

Quem não disputa não se torna referência. Uma eventual candidatura do PT no primeiro turno aqui na Paraíba precisa cumprir um papel político de fortalecimento do partido. Em 2016 houve a coragem da candidatura própria, mas, com um erro tático: uma agenda de campanha com ênfase em propostas de gestão, diante de um prefeito candidato à reeleição e de uma candidata no campo progressista com perfil de gestora.

Grosso modo, o PT é o único grande partido no país que funciona de fato como um partido: instâncias funcionando, militância política mobilizada e conteúdo programático definido. Uma eventual candidatura própria, ao invés de enfraquecer a chapa proporcional, poderia favorecer, inclusive aumentando o número de votos na legenda. Em um eventual segundo turno, o partido chegaria ainda mais forte, de espinha ereta, caminhando com as próprias pernas, tendo real dimensão de seu tamanho e não devendo favor a ninguém. Quanto à infundada ameaça de isolamento, o que poderia piorar diante do que já tem hoje?

Quando uma candidatura é posta para marcar uma posição, espera-se mais ênfase no debate ideológico. Ou seja, agora em 2018 assim como em 2016, cabem a denúncia política do golpe, a defesa da democracia, a proposta de revogação de medidas contra os trabalhadores e, sobretudo, a capacidade de dialogar com aqueles 20% da população que se dispõe a ouvir o que o PT tem a dizer, no momento em que a rejeição ao governo Temer bate seus próprios recordes e os políticos golpistas tentam esconder o fizeram no verão passado.

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