Rafaella Brandão

Rafaella Brandão é advogada e jornalista, além de vice-presidente da OAB/PB e já presidiu a Comissão de Combate ao Racismo e Discriminação da OAB, além de ter sido Ouvidora da Comissão de Combate à Violência contra a mulher. Tem pós-graduação em Direito Processual Civil pelo Unipê e pós-graduação em Criminologia Social pela Universidade de Pisa/Itália
Rafaella Brandão

Declarar ou não o voto? Eis a questão!

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Conhecido internacionalmente como o país da alegria, pela camaradagem do seu povo, pela relativa tranquilidade, por ser um país miscigenado e aparentemente pacífico, onde o Estado Democrático de Direito delega ao povo o poder máximo de decisões nas urnas, o Brasil vive uma onda de insegurança.

O cenário político nacional encontra-se dividido de forma acirrada entre o verde-amarelo e o vermelho, os cidadãos estão receosos em demonstrar suas opiniões e escolhas, preferem silenciar, evitam vestir cores que possam sinalizar qualquer elo com candidatos ou partidos políticos, não declaram o voto, se preservam para evitar confrontos, provocações e agressões.

No Brasil, a livre manifestação do pensamento e o direito ao voto são direitos protegidos constitucionalmente inerentes ao povo, pois bem, no momento, emitir uma simples opinião acerca do cenário político do país pode trazer sérias consequências; conflitos entre amigos, discussões entre parentes, agressões verbais e físicas, ofensas em redes sociais e na mídia tornaram-se práticas corriqueiras, assim, silenciar em período eleitoral, prática atípica para o brasileiro, tornou-se o mais sensato e seguro a fazer. Lamentável!

Nobres eleitores, estamos preservando o nosso direito ao voto livre? Estamos respeitando os nossos pares? “Catequizar” pessoas para sobrepor a sua opinião é uma prática saudável? Pessoas brigando, ofendendo e matando para defender seus candidatos parece normal? Será que os políticos brigam por nós, como brigamos entre nós mesmos?

Os eleitores estão esquecendo que o direito ao voto é universal e constitucional, que vestir verde e amarelo ou vermelho não deve destruir laços de amizade, de parentesco, valores ou princípios, que o contraditório precisa ser saudável, que respeitar para ser respeitado é a base da democracia, que ultrapassar os limites da tolerância, da educação, e o ordenamento jurídico compromete uma sociedade harmônica e pacífica.

Tempos sombrios… Sai de cena o Brasil da alegria, e entra o Brasil da insegurança!

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