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Começa julgamento de Hildebrando Pascoal por crime da motosserra

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Ainda sob impacto do saldo de violência atribuído ao réu, o Acre começa hoje a julgar um dos atos mais bárbaros da história recente do país, internacionalmente conhecido como o crime da motosserra.

No centro do júri popular estará Hildebrando Pascoal, coronel da Polícia Militar e deputado federal cassado acusado de matar um homem após sessão de tortura. Segundo o Ministério Público, a vítima teve os "olhos perfurados, seus braços, pernas e pênis amputados com a utilização de uma motosserra, além de ter um prego cravado em sua testa".

Agílson Santos, conhecido como Baiano, foi morto em julho de 1996. O que sobrou de seu corpo foi jogado em uma hoje movimentada avenida de Rio Branco. O filho de Baiano, de 13 anos, também foi morto.

Hildebrando tem uma lista de crimes e condenações tão extensa quanto o número de vítimas executadas pelo esquadrão da morte que liderou. Mesmo preso, já condenado a mais de 80 anos de prisão por dois homicídios, tráfico internacional de drogas, formação de quadrilha e crimes eleitorais (trocava cocaína por votos) e financeiros, ele ainda assusta os acrianos.

Quatro testemunhas do crime da motosserra foram assassinadas -Hildebrando foi condenado por duas dessas mortes.

Três dos 25 pré-selecionados para o Tribunal do Júri pediram para não participar do julgamento, temendo represálias. Os jurados estão hospedados em dois hotéis no centro da capital, sob escolta policial. Um sorteio vai escolher os sete que votarão no julgamento.

O esquema de segurança também foi reforçado -cerca de cem policiais civis, militares e federais, segundo o Tribunal de Justiça, vão vigiar o Fórum Barão de Rio Branco.

Entre os moradores ouvidos pela reportagem, o episódio causa reações díspares, mas nunca indiferença: alguns se mostram desconfortáveis e mudam de assunto; outros dizem ter boa lembrança do tempo em que Hildebrando, à época poderoso no Estado, eliminou muitos bandidos.

Segundo o Ministério Público, o que motivou Hildebrando a matar Baiano (e a ordenar a morte do filho dele) foi o assassinato de um irmão do então deputado, Itamar.

Baiano trabalhava para o acusado pelo crime; foi morto por não saber o paradeiro do patrão. Já o filho (cujo caso será julgado à parte) morreu porque não sabia dizer aos seus algozes onde estava o pai.

Sanderson Moura, advogado do deputado cassado, diz que não há provas da participação de Hildebrando no crime da motosserra. "Ele é um preso político", afirma, "e fará revelações surpreendentes".

Em muitos dos crimes cometidos pelo esquadrão de Hildebrando (investigadores estimam em quase cem mortes), não se conheceram as causas nem as explicações.

"Era uma espécie de assinatura do grupo: corpos decepados, mutilados, jogados no meio da rua", conta o procurador Samy Barbosa Lopes, coordenador do grupo de combate ao crime organizado do Ministério Público Estadual.

Júri polêmico

O julgamento, previsto para levar três dias, se inicia com a acusação do Ministério Público de ser armado para a absolvição de Hildebrando.

Sob a alegação de "razoabilidade", o juiz Leandro Gross determinou seis horas para a defesa dos quatro réus (entre os outros três acusados de participar da sessão de tortura está um irmão de Hildebrando) e o mesmo tempo para a acusação. O Código de Processo Penal diz que, independentemente do número, o tempo máximo para cada uma das partes é de duas horas e meia. Os promotores reclamaram, mas o Tribunal de Justiça confirmou a decisão do magistrado.

O crime da motosserra –revelado há dez anos na esteira da CPI do Narcotráfico– chocou o país ao mostrar como o Acre estava imerso num banditismo com ramificações em todos os níveis institucionais.

Exatamente amanhã, a cassação de Hildebrando como deputado federal, consequência do trabalho da CPI, completará dez anos.

A juíza Maria de Fátima da Costa, que condenou Hildebrando por um dos homicídios na Justiça Federal de Brasília, o definiu como uma pessoa que "tem personalidade voltada para o crime, é audacioso, despreza a vida humana e, ao chefiar um grupo que matava utilizando métodos cruéis, aterrorizava a população do Acre".

Folha Online

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