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Colunista do Valor Econômico trata Ricardo como favorito para o Governo

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O sociólogo e professor Alberto Carlos Almeida publicou na última sexta-feira, 14, um artigo no jornal Valor Econômico no qual faz uma análise dos cálculos eleitorais que são feitos para medir a potencialidade das candidaturas. Na coluna entitulada "O Nordeste na conta eleitoral", o autor do livro "A Cabeça do Brasileiro" trata o ex-prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB) como favorito na corrida sucessória e diz que o atual governador é um "velho e combalido cacique político".

Leia a íntegra do texto de Alberto Carlos Almeida.

O Nordeste na conta eleitoral

Todo período pré-eleitoral é repleto de cálculos e contas acerca de vantagens e desvantagens dos principais candidatos aos cargos majoritários. Quando se trata de disputas estaduais, há sempre aquelas continhas que separam a capital da região metropolitana e estas duas do interior. É comum que o candidato do interior tenha um cálculo eleitoral no qual abra enorme vantagem sobre, por exemplo, um ex-prefeito de capital, justamente no interior. Vantagem que seria suficiente para que ele derrotasse o ex-prefeito e seu franco favoritismo na região em que governou.

Nada é mais comum do que um cálculo dessa natureza. Por exemplo, é justamente ele que permite afirmar o favoritismo do ex-prefeito Ricardo Coutinho para o governo da Paraíba. Ricardo foi eleito duas vezes prefeito de João Pessoa; na última, em 2008, venceu já no primeiro turno. Ele se aliou a Cássio Cunha Lima, candidato ao senado, que além de ex-governador foi também prefeito de Campina Grande, o segundo maior colégio eleitoral do Estado. Por fim, faz parte da chapa para o senado o atual senador Efraim Morais, do DEM, que é forte no sertão da Paraíba.

Contemplam-se, assim, todas as áreas do Estado, já que a capital representa a Grande João Pessoa e a Zona da Mata e Campina Grande está no coração do agreste. De posse dessa aliança política são feitos cálculos para demonstrar qual é a vantagem em pontos porcentuais que será possível obter na capital, em Campina Grande e no sertão. Feitas as contas, mostra-se como é possível derrotar o adversário, o velho e combalido cacique político José Maranhão.

O mesmo que vale para os Estados vale para o país. É comum que várias contas sejam publicadas em colunas de jornais para mostrar a enorme importância eleitoral de Minas e de Aécio Neves na corrida de 2010. Tomando-se os resultados eleitorais de 2006 como parâmetro, afirma-se que José Serra derrotará Dilma Rousseff na Região Sul, vencerá com folga em São Paulo, obviamente, tenderá a ser derrotado pela candidata do governo no Rio e, com o empenho de Aécio, abrirá uma larga dianteira em Minas.

Espera-se que na Região Nordeste a vitória de Dilma sobre Serra seja por uma margem confortável, ao passo que as Regiões Norte e Centro-Oeste somadas poderiam dar uma pequena margem a favor de um ou de outro candidato. Apenas para ter em mente alguns números importantes, o Sul tem aproximadamente 15% do eleitorado; o Nordeste, algo em torno de 27%; Norte e Centro-Oeste juntos têm os mesmos 15% da Região Sul; e o Sudeste tem 43%.

Um parêntese importante que diz respeito ao perde e ganha regional tem a ver com o que aconteceu em 2006 com Geraldo Alckmin. O ex-governador de São Paulo abriu sobre Luiz Inácio Lula da Silva no Sudeste inteiro uma vantagem de exatos 819.614 votos. Essa vantagem foi mais do que anulada por apenas um Estado, o Amazonas, onde Lula derrotou Alckmin por 899.871 votos.

Naquela eleição o comparecimento foi de quase 96 milhões de eleitores. O Amazonas entrou nessa conta com pouco mais de 1 milhão e 300 mil votantes. A vantagem obtida em uma região com 43% dos votos nacionais foi completamente anulada por um Estado com 1,4% desses mesmos votos.

O motivo que levou Lula a abrir uma margem tão grande no Amazonas nada tem a ver com a constelação de apoios políticos naquela região, mas sim com a atitude crítica do candidato do PSDB em relação à zona franca de Manaus. Com ou sem razão a população local considera que a região depende muito economicamente da zona franca, assim, qualquer ameaça à sua existência é uma ameaça direta ao bem-estar da população. Pode ser que em 2010 seja diferente. Em 2006, porém, no Amazonas, ser contra a zona franca foi sinônimo de cavar o próprio túmulo eleitoral.

Em todos os países do mundo desenvolvido há uma segmentação regional do voto para presidente ou primeiro-ministro. Nos Estados Unidos, as duas costas, Leste e Oeste, votam mais no Partido Democrata e o meio do país vota mais no Republicano. Toda eleição é assim. Da mesma forma, quando se coloca uma lupa nos mapas eleitorais dos Estados americanos se vê que as áreas mais pobres votam nos democratas e as áreas menos pobres, nos republicanos.

Na Grã-Bretanha, que acabou de escolher um novo Parlamento, isso também é a regra. Os trabalhistas vencem no norte da Inglaterra, em Londres e na Escócia e os conservadores são predominantes no sudeste do país. Há sempre variações, mas a força relativa permanece. A vitória trabalhista na região de Liverpool pode ser maior ou menor, mas tenderá a acontecer. Pode haver uma eleição completamente excepcional na qual os trabalhistas percam em todas as regiões do país. Mesmo nesse caso, na região de Liverpool, na Escócia ou em Londres essa derrota seria por uma margem menor, o que mantém o argumento acima da força relativa regionalizada.

A eleição de 2006 consagrou um novo e, no meu entender, permanente padrão de votação no Brasil. Onde a sociedade é maior do que o Estado, Região Sul, São Paulo e toda a Região Centro-Oeste – com exceção da capital federal (é claro) – venceu o candidato tucano. Onde o Estado é maior do que a sociedade Lula derrotou Alckmin: Norte, Nordeste, Rio e Minas. De todas as vantagens regionais entre os dois principais candidatos, a maior foi verificada exatamente no Nordeste: Lula teve 66,8% dos votos válidos e Alckmin, 26,1%. Em números absolutos isso significou pouco mais de dez milhões de votos em um total de quase 28 milhões de nordestinos que foram às urnas.

Os quatro anos que separaram 2006 de 2002 só fizeram aumentar a força de Lula no Nordeste. Em 2002 ele obteve 45,9% de votos válidos, o que significou pouco mais de 9 milhões de votos em um total de 20.424.847. Entre as duas eleições Lula adicionou mais de 7 milhões de votos e quase 21 pontos porcentuais. A grande questão é o que isso significa para 2010.

Em primeiro lugar, não custa chamar a atenção para o óbvio: votar em Lula não é a mesma coisa que votar em Dilma. Isso é uma regra eleitoral: o sucessor indicado sempre recebe menos votos do que quando o próprio ocupante do cargo se candidata. Se Lula fosse hoje candidato, provavelmente teria mais votos em 2010 do que teve em 2006.

É possível fazer essa afirmação por causa de uma razão específica. Em setembro de 2006, ou seja, às vésperas da eleição, o governo Lula no Nordeste tinha uma avaliação de 60% na soma de ótimo e bom. Sublinho o fato de essa avaliação referir-se a setembro daquele ano. A avaliação de Lula veio melhorando no decorrer de 2006, o ponto mais elevado foi atingido justamente próximo à eleição. Em maio de 2006 ela era menor, mesmo no Nordeste, do que em setembro. Atualmente, isto é, em maio de 2010, a soma de ótimo e bom de Lula no Nordeste atinge a marca de 90%.

Na edição do Valor do dia 5, com chamada de primeira página, havia uma reportagem mostrando que o crédito pessoal tinha tido uma expansão recorde naquela região, a maior expansão entre todas as regiões do Brasil. É bem possível que qualquer indicador econômico comparativo mostre que o Nordeste se sai melhor que todas as demais áreas.

Além disso, dados de pesquisas qualitativas e quantitativas mostram que o eleitor nordestino acha que Lula é do Nordeste. O fato de a carreira política de Lula ser de São Paulo é algo inexistente para os nordestinos. Isso é consequência de outro fenômeno: a percepção local de que nunca ninguém, na história recente do Brasil, tinha feito alguma coisa pelo Nordeste. Lula é apontado como o primeiro que se preocupou especificamente com o povo da região. Essa percepção já estava presente em 2006 e foi fortalecida nos últimos quatro anos.

No Nordeste, Lula ficou 5.331.457 votos na frente de Serra em 2002. Em 2006 a vantagem do petista sobre Alckmin foi de exatos 10.121.795. O comparecimento de 2010 foi aproximadamente três milhões de votos maior do que em 2006. Agora passo a bola para o leitor. Supondo-se quem em 2010 o comparecimento seja de 30 milhões de eleitores nordestinos e considerando-se a atual avaliação de Lula, o fortalecimento de sua imagem na região e o fato de o sucessor indicado sempre ter menos votos do que quando o próprio governante disputa, levando-se em conta tudo isso, qual tenderá a ser a vantagem de Dilma nos votos totais na região? Se quiserem, mandem as respostas para meu e-mail.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo e professor universitário, é autor de "A Cabeça do Brasileiro" (Record).

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