Muitas pessoas vivem presas a coisas pequenas, algumas delas sem qualquer valor que justifique apego e atenção. Gente assim vive refém de mesquinharias da alma, de esquisitices próprias de quem não tem ideia do que realmente é relevante e essencial à vida, uma vez que a sua noção de valor é muito focada nas coisas e no egoísmo doentio. É um mundo desprovido de um significado maior, pobre de uma sensibilidade capaz de perceber que a beleza reside, sobretudo, no trato com a pessoa humana.
Quantos relacionamentos significativos, a exemplo da família, do casamento e amizades são destruídos por nada, por tais mesquinharias. O predomínio da futilidade faz com que coisas sejam muito mais importantes do que pessoas. Estranhamente, como fruto dessa inversão de valores, cuida-se dos objetos, dos bens matérias, das conquistas sociais, da estética do ambiente, em detrimento do bem estar e da felicidade das pessoas.
Quando coisas são mais bem cuidadas do que as pessoas ao nosso redor, é um sintoma de que estamos doentes. Nossos valores foram saqueados e estamos empobrecidos por dentro. O fato é que coisas têm a ver com uso e desuso, o seu valor afetivo somos nós quem atribuímos; podem ser descartadas e substituídas; são vazias e esvaziam.
A coisificação da vida é uma das maiores mazelas do mundo moderno e reflete bem o grau da miséria afetiva na qual muitos estão mergulhados. Por outro lado, expressa também o quanto podemos nos tornar pobres se esquecermos de uma das mais elementares lógicas da vida: coisas foram feitas para serem usadas e pessoas para serem amadas. Infelizmente, alguns fazem exatamente o contrário: amam as coisas que possuem, e usam e desprezam as pessoas perto de si.
Quando agimos assim, tornamo-nos pequenos demais, estranhos à nossa natureza, esquisitos! Revelamos uma alma pequena, mesquinha, enferma, vazia daquilo que faz sentido, daquilo que enriquece o coração e produz alegria verdadeira. O que realmente importa na vida é cuidar de quem se ama. Afinal, coisas são apenas coisas, nada mais, já gente é diferente. É de uma outra natureza! Do mundo do coração!