Notícias de João Pessoa, paraíba, Brasil

Cientistas da UFPB criam sistema que controla pasteurização da cerveja em tempo real

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Cientistas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criaram um sistema eletrônico que controla a pasteurização da cerveja em tempo real. O dispositivo de baixo custo  (R$ 400) e de fácil manuseio elimina microrganismos da bebida, garantindo sua qualidade dentro do prazo de validade.

A validade ou tempo de prateleira é o tempo que um produto permanece apto para o consumo humano, contado a partir da data da sua produção. A depender do fabricante e do tipo de cerveja, esse tempo de prateleira, atualmente, varia de seis a 12 meses.

Com este sistema eletrônico desenvolvido pelos pesquisadores da UFPB, o tempo de prateleira de uma cerveja pode até mesmo ser aumentado. Esse aumento é possível por causa da eliminação de microrganismos no processo de pasteurização da bebida.

O controlador de pasteurização desenvolvido pelos pesquisadores da UFPB foi testado em um pasteurizador de imersão com capacidade de esterilizar o conteúdo de 350 garrafas ou de 600 latinhas de cerveja por hora. Atualmente, os sistemas de pasteurização por imersão pasteurizam de 300 a 550 garrafas por hora.

A pasteurização é um processo de esterilização desenvolvido, em 1862, pelo químico francês Louis Pasteur, e funciona por meio da exposição de um alimento como cerveja, vinho, leite, queijo ou iogurte a uma temperatura inferior a seu ponto de ebulição e, logo em seguida, a resfriamento súbito, a fim de eliminar microrganismos nocivos à saúde humana.

“Louis Pasteur desenvolveu uma forma branda de aquecimento que resulta na diminuição da carga microbiana, levando a uma maior estabilidade do produto, sem perdas significativas da qualidade. Esta técnica é utilizada para vários tipos de alimentos e bebidas”, explica Flávio Gomes, professor do Departamento de Engenharia de Energias Renováveis da UFPB e um dos inventores da patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

O controlador de pasteurização da UFPB, composto por sensores, componentes eletrônicos, microcontrolador e caixa plástica, opera com base no cálculo das Unidades de Pasteurização (UP) desenvolvidas por Louis Pasteur.

Segundo Flavio Gomes, a UP é uma unidade de medida de controle e padronização do processo de pasteurização. Dependendo do produto a ser pasteurizado e do sistema utilizado, pequenas variações de tempo e de temperaturas são necessárias.

Após dar início ao processo de pasteurização, o sistema controla o aquecimento da bebida por meio de comandos via relé – interruptor eletromecânico projetado por Michael Faraday na década de 1830, com inúmeras aplicações possíveis, servindo para ligar ou desligar dispositivos – e monitora a temperatura da cerveja e o tempo decorrido.

No sistema, o usuário define a quantidade de UPs para o acompanhamento do processo, que leva em consideração o tempo e as temperaturas atingidas. Quando as UPs estão iguais ao pedido do usuário, o sistema alarma e desliga. O processo pode ser controlado pelo próprio equipamento ou o dispositivo apenas alarma quando a pasteurização deve ser encerrada, com base na quantidade de unidades de pasteurização definidas pelo usuário.

A quantidade de UPs influencia no grau de eliminação dos microrganismos existentes na cerveja. Se esta eliminação for eficiente, aumenta-se o tempo de prateleira do produto. Flavio Gomes conta que a quantidade de UPs depende do nível de contaminação do produto envasado sem pasteurização. Se esta contaminação for baixa, não é necessário trabalhar com UPs altas, independente do produto.

Temperaturas de pasteurização muito baixas podem não resultar em um valor de UP suficiente para diminuir a carga microbiana e temperaturas muito altas podem causar danos aos alimentos por reações químicas mediadas pelo calor.

A grande maioria dos estilos de cervejas podem ser pasteurizados, mas esse processo de esterilização não é indicado para cervejas de guarda, por exemplo, Imperial Stouts, Belgian Tripel, Barley Wine, e para cervejas com carga de lúpulo muito grande, como as do estilo Hazy IPA.

De acordo com o professor do Centro de Biotecnologia da UFPB Kristerson Freire, outro inventor da patente, as cervejas de guarda, armazenadas por mais tempo com o intuito de potencializar algumas de suas características ou desenvolver outras, geralmente, possuem altos teores de álcool e não precisam ser pasteurizadas. O álcool em maior quantidade diminui a atividade bacteriana, mantendo o produto estável por longos períodos.

Já algumas cervejas com altas cargas de lúpulo podem sofrer, com a pasteurização, mudanças nas características sensoriais, como aroma, sabor, cor, sendo necessário manter em cadeia refrigerada até o consumidor final.

Sem um sistema como este, o acompanhamento da pasteurização em batelada [vaso largamente usado em processos industriais] é feito por meio de fichas de acompanhamento de variação das temperaturas durante o processo e só é possível saber a UP após o fim da pasteurização.

O sistema da UFPB pode ser utilizado em indústrias de médio e grande porte de bebidas que usam sistemas de pasteurização, contudo, foi pensado para produções caseiras e para indústrias de cerveja de pequeno porte.

A invenção contou também com a colaboração do professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) Ademar da Costa Junior e do estudante de Engenharia Eletrônica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) José Otávio Maciel.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), a produção nacional de cerveja é de, aproximadamente, 14 bilhões de litros por ano e representa 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB), com faturamento de R$ 100 bilhões/ano e geração de 2,7 milhões de empregos.

 

 

 

Agência UFPB

Tags

Leia tudo sobre o tema e siga

MAIS LIDAS

Arthur Urso leva “esposas” para passear sem roupa íntima na orla de João Pessoa

Professores da UFPB desistem de candidatura e apoiam Terezinha e Mônica

Anteriores

joaobenedito (1)

TJ aprova criação de mais sete vagas de desembargador na PB

emersonpanta

TCE imputa débito de R$ 2 milhões a Emerson Panta por contratação de advogados

17113967826601d7aec1edd_1711396782_3x2_lg

Moraes diz que não há evidências de que Bolsonaro buscou asilo na Embaixada da Hungria

daniellabsb (2)

Daniella Ribeiro será relatora do PL que reformula o Perse para turismo e eventos

cejuuscararuna (1)

Núcleo de Solução de Conflitos do TJ inaugura Centro em Araruna nesta quinta-feira

amiditce (2)

Amidi e TCE discutem mecanismos de transparência na publicidade institucional

society (1)

João Pessoa sediará Torneio de Futebol Society dos Corretores de Imóveis

leobandeira

TCE-PB dá 30 dias para prefeito concluir creche em Lucena

jacksonemarcos (1)

Presidente do PT da PB explica presença na PH: “O evento era do PSB, não do PP”

UFPB-entrada-683x388

UFPB terá urnas em todos os centros de ensino nesta quinta; veja locais