O senador Cícero Lucena, presidente do PSDB da Paraíba, evitou em uma entrevista concedida ao programa Conexão Arapuan, da TV Arapuan, ontem à noite, colidir frontalmente com as opiniões de seu colega de partido Cássio Cunha Lima, mas não deixou de discordar e até de rebater algumas declarações recentes do ex-governador. Um dos pontos em que os dois evidentemente têm posicionamentos distintos é a sucessão municipal de 2012. Enquanto Cássio já demonstrou a simpatia pela reeleição de Luciano Agra (PSB), Cícero indiretamente disse que não caberia ao colega decidir sobre o assunto e ainda questionou a rejeição de Cássio a uma eventual composição do PSDB com José Maranhão (PMDB) na capital.
– Nós temos que entender que a próxima eleição é municipal. No partido não tem unanimidade, mas há uma divergência e ela é transparente. Eu tenho proposto a Cássio que sejam respeitadas asconveniências partidárias de cada município. Em João Pessoa, é melhor que a gente se componha com aqueles que mais ajudam o nosso candidato até porque não há veto nacional sobre qualquer tipo de aliança. Não existe isso com o PMDB, como não existe com o PSB, PPS ou PSD. Se não existe veto nacional e a eleição é municipal quem tem que resolver são os municípios. João Pessoa pode ter um tipo de coligação; Campina Grande, São José de Piranhas, Coxixola podem ter outro. Eu sou amigo dele [de Cássio], mas não tenho que concordar com ele.
O presidente do PSDB da Paraíba foi questionado se acreditava merecer o agradecimento de Cássio Cunha Lima pelo fato de ter desistido de disputar o Governo ano passado, deixando o caminho livre para a composição dos tucanos com o PSB de Ricardo Coutinho, seu adversário:
– Eu acho que quando você faz algo, não deve pedir nada em troca. O julgamento se deve ou não deve quem vai fazer é quem foi beneficiado. Eu, por exemplo, sou devedor a Ronaldo Cunha Lima pela oportunidade que me deu de entrar na política e me deu a chance de governar o Estado. Eu sei ser grato. Mas, eu quando faço alguma coisa, não espero o agradecimento de ninguém. Faço porque acho que é o certo.
O senador ainda descartou a tese de abrir mão da presidência do diretório regional do partido em favor de Cássio.
– Até o presente, eu tenho procurado fazer o máximo pelo partido. No passado, eu ofereci a presidência do partido e ele não quis. Ele ia para os Estados Unidos e a partir daí começamos a ter desencontros, não vamos querer enganar. Eu dei o testemunho de que não uso o partido em meu benefício porque se usasse eu teria sido candidato a governador. Poderia não ter sido eleito, mas candidato eu seria.