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Casos médicos em revistas científicas viram clickbait em portal

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A estética do grotesco e do sensacionalismo sempre teve espaço na mídia e muitas vezes com questões que perpassam a saúde e a medicina. Quem aqui não se lembra da divulgação de casos de mulher barbada, gêmeos siameses e anões? Condições genéticas, mas que foram tratadas (e ainda hoje são muitas vezes) como tema para entretenimento?

Nos últimos dias, percebi que alguns jornalistas têm buscado mais pautas em publicações científicas, mas não com o propósito de anunciar para a sociedade um novo feito da ciência, e sim para obter manchetes sensacionalistas. Feito donos de circo do século passado, estão ávidos por atrair e entreter o público a partir de casos bizarros analisados pela ciência — e se valem de clickbaits para isso.

O portal Metrópoles, por exemplo, tem reservado parte de suas manchetes ao tema. “Caso raro: jovem de 20 anos sofre enfisema pulmonar ao se masturbar”, por exemplo, foi um dos destaques do veículo no dia 13 de abril. Escrita pela jornalista Bethânia Nunes, a matéria se baseia em um artigo publicado na revista científica Radiology Case Reports e teve mais de 25,5 mil curtidas ao ser divulgada no Instagram.

No dia seguinte, outra repórter do Metrópoles pede socorro às publicações científicas. A jornalista Juliana Contaifer também recorreu aos registros médicos para assegurar audiência ao veículo no dia 14 de abril, uma quinta-feira de noticiário morto (visto que o calendário marcava a Semana Santa). A manchete dizia: “Em abstinência, homem injeta morfina no braço e perde os 5 dedos no DF”. A fonte da pauta foi a revista científica American Journal of Case Reports. A matéria rendeu bem e teve mais de 7,9 mil curtidas no Instagram.

 Ainda na quinta-feira, o Metrópoles publicou a seguinte manchete: “Médicos encontram cabo de fone de ouvido de 80 cm em bexiga de homem”. O caso, também relatado pela repórter Juliana Contaifer, foi publicado na revista científica Radiology Case Reports. E fez a festa de mais de 13 mil pessoas no Instagram do Metrópoles.

 Ao percorrer o feed do portal no Instagram, deparei-me porém com a notícia de maior sucesso recente dentre os casos bizarros apurados pelo Metrópoles. Assinada pela “Redação”, a manchete anunciava: “Médicos encontram peso de academia de 2 quilos dentro de paciente”.

De acordo com a matéria, o caso ocorreu em Manaus e foi relatado na plataforma científica International Journal of Surgery Case Reports. No texto do portal, é relatado que “o haltere estava entre o reto e o intestino grosso do paciente, que, depois do exame, admitiu ter introduzido o peso de academia no corpo para obter satisfação sexual”. Foi o bastante para gerar grande engajamento no Instagram: 45.489 pessoas curtiram a postagem, que também recebeu 5.396 comentários.

O uso de clickbait não é algo novo na mídia digital. O termo em inglês, numa tradução literal, significa “isca de cliques”. E se trata de uma isca mesmo! A fórmula, em geral, é uma só: manchete sensacionalista cujo objetivo é despertar a atenção do maior número de pessoas, para que elas cliquem no site, curtam a postagem, comentem. A notícia veiculada não é relevante, não acrescenta nada de útil à vida das pessoas, mas rende cliques para quem a notícia.

 A ideia de se valer de casos inusitados não é novidade mesmo. Também não se restringe ao portal Metrópoles. Outros fazem o mesmo. Como o G1, que mantinha uma sessão chamada Planeta Bizarro faz poucos anos. Sobre esse conteúdo, aliás, lembro-me que, há muito tempo, assisti a uma palestra de um editor do G1 em João Pessoa.

No evento, questionaram por que o veículo, de um grupo tão tradicional, mantinha notícias bizarras no portal. Com suas palavras, que não sei citar textualmente agora, o editor explicou que a manchete principal sempre seria de economia, política, cotidiano… Mas acesso mesmo, quem dava era o conteúdo estranho, engraçado, divertido e, por vezes trágico, do mundo bizarro. Então tá.

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