A Organização de Mulheres Negras da Paraíba (Bamidelê) divulgou na manhã da sexta-feira (18) um documento que denuncia a suposta ação de exploração e racismo cometida por um casal de empresários paraibanos contra Felícia Aurora, natural de Angola. Conforme relato divulgado, a jovem veio ao Brasil a convite do casal com a promessa de trabalho, residência, salário mínimo e meio período para se dedicar aos estudos, principal objetivo da moça.
De acordo com a advogada Laura Berquó, quando chegou ao Brasil, a jovem se deparou com condições de trabalho diferentes do acordo inicial. Há aproximadamente oito meses, Felícia é forçada a trabalhar durante o dia na residência e no turno da noite e fins de semana na sorveteria do casal.
Ainda de acordo com o documento de denúncia, desde que a jovem foi submetida a uma intervenção cirúrgica para o tratamento da vesícula, o casal tem se negado a mantê-la hospedada em sua residência, além de não arcar com os gastos ou indenização no tratamento da jovem. Embora recuperada da cirurgia, o quadro de saúde da angolana apresenta estágio avançado de anemia e cálculo renal, o que motivou o desinteresse do casal devido à impossibilidade de trabalho da jovem.
O assunto foi comentado pela vereadora de João Pessoa Sandra Marrocos (PSB), que destacou a necessidade de apuração dos fatos pela Polícia Federal e a punição dos responsáveis pelo que classificou de “desrespeito à condição humana”. Segundo a parlamentar, “é necessário que a gente dê visibilidade a casos como este e que a Polícia Federal puna os responsáveis, para que no futuro as pessoas pensem duas vezes antes de subjugar um ser humano e condicioná-lo a condições tão vis e atrozes”, declarou.
A ong Bamidelê declarou que está organizando uma série de documentos para a elaboração de um dossiê que será apresentado no início desta semana na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal.