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Brumadinho: mulher se demitiu de cozinha da Vale dias antes da barragem se romper

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Quem vê Fernanda atendendo os clientes com um sorriso no rosto, em uma lanchonete no Centro de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não imagina a angústia vivida por ela há duas semanas. Dias antes do rompimento da barragem, ela havia pedido demissão da cozinha do refeitório da Vale, onde trabalhava como oficial de serviços gerais. O alívio de não estar na Mina do Feijão no momento da tragédia divide espaço com a dor de perder suas colegas de trabalho. O marido dela, Daniel Eloísio dos Santos, é funcionário da mineradora há 11 anos e saiu do local cinco horas antes do desastre.

“Na terça [22, três dias antes do rompimento], fui devolver as roupas e a gerente insistiu para que eu ficasse. Mas eu pensei na minha filha, se ela precisasse de alguma coisa, eu estaria mais perto de casa no novo emprego”, lembrou Fernanda Costa, de 30 anos, ao G1. De acordo com Fernanda, o clima na cozinha era de muita amizade.

O rompimento da barragem ocorreu às 12h28, no dia 25 de janeiro, arrasando a área onde ficavam o refeitório e a unidade administrativa da empresa.

“Era um horário de muito movimento. Cada uma ficava em seu posto, uma cuidava da carne, a outra da salada… O movimento no refeitório era maior de meio-dia até as 13h”, disse Fernanda.

As trabalhadoras da cozinha da Vale eram contratadas pela Sodexo. De acordo com a empresa, nove pessoas trabalhavam no local no momento da tragédia e somente uma delas tinha sido identificada até o fim da noite de quarta-feira (6).

Eva Maria Matos, a “Dona Eva”, aparece na lista de corpos identificados, e dividiu com Fernanda a rotina de trabalho, das 7h às 19h, durante os quatro meses em que Fernanda prestou serviço no restaurante.

Fotos como lembrança

No celular, a atendente ainda traz as fotos da confraternização de fim de ano, onde as amigas, agora desaparecidas, aparecem sorrindo, abraçadas, no local que seria tomado pela massa densa de rejeito de minério pouco tempo depois.

“Primeiro, eu achei que poderia ser fake news. Só tive noção da dimensão do que aconteceu depois. Tentei ligar para todas elas. Ligava para uma, dava caixa postal. Ligava para outra, também. Como a gente deixava o celular na bolsa para trabalhar, pensei que elas só não estavam ouvindo tocar”, relatou.

O marido de Fernanda tem 34 anos, é operador de equipamentos e instalação da Vale e trabalhou na Mina do Feijão até as 7h daquele dia. “Lá era um lugar bom de trabalhar, diziam que o foco era a vida em primeiro lugar, mas teve um grande deslize nisso aí”, disse Daniel Eloísio dos Santos.

Ainda de acordo com o operador, a Vale realizou um treinamento de fuga em 2018. Ele e os colegas foram informados que, quando a sirene tocasse, deveriam seguir para um ponto de encontro, de onde partiriam para um lugar mais alto. No dia do desastre, a sirene não tocou e o ponto de encontro foi destruído pela lama.

Daniel almoçava e jantava no refeitório, dependendo da escala de trabalho, e também tem muitos amigos entre as vítimas da tragédia. “Nunca imaginei que isso fosse acontecer. Ainda não tive coragem de voltar lá”, contou.

“Acho que foi um livramento. Peço todo dia a Deus que não me deixe ir sem terminar de criar a minha filha. Quantos foram sem conseguir isso…”, lamentou Fernanda.

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