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Bolsonaro na ONU: discurso e protocolos

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Um dia triste e vergonhoso para a Casa de Rio Branco e para a diplomacia brasileira, que tem a honra de inaugurar os discursos de abertura da Assembleia Geral da ONU desde 1947.

As manchetes dos jornais, tradicionais e alternativos, nacionais e internacionais, dão conta de um discurso permeado por mentiras e impropérios. Nada de novo no front, tendo em vista que as eleições que o levaram à presidência da República foram marcadas pelas fake news, do início ao fim. Aliás, é preciso considerar que à luz da Democracia (com “D” maiúsculo) estas eleições foram frágeis no que tange a sua legitimidade, já que muitos e muitas votaram a partir de um bombardeio constante – e não menos efetivo – de informações inverídicas, muitas vezes caluniosas e difamatórias (que são crimes previstos na legislação pátria).

Sobre a pandemia, para perplexidade mundial, Bolsonaro negou a ciência, mais uma vez, aludindo ao tratamento precoce e criticando o isolamento social. Como se sabe, não há medicações com eficácia comprovada cientificamente para o “tratamento precoce”; a hidroxicloroquina, por exemplo, foi contra indicada pela OMS (assim como foi contra indicada por associações nacionais) para os casos de prevenção à Covid. Ainda sobre o tema da pandemia, resta saber quais serão as conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal, que já dá indícios de que houve graves casos de corrupção (negando a fala inicial do presidente na tribuna da ONU) e possivelmente negligência e atuações públicas que atrasaram por demais a vacinação no Brasil, causando perdas irreversíveis.

Sobre a Amazônia, o presidente discorreu que o país vem realizando esforços para a preservação ambiental, distorcendo dados e fatos. Para Suely Araújo, ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – em entrevista à CNN, disse que “o quadro mostrado pelo presidente está longe da realidade”. Bolsonaro também disse que usamos apenas 8% do território nacional para a agricultura, escamoteando os dados relativos à agropecuária. O Censo Agropecuário de 2017 revelou que 41% do território brasileiro é ocupado por terras agricultáveis.

O legado de imprecisões, distorções e mentiras prosseguiu em vários temas – já analisados por mídias de checagem de informação (como a UOL, Folha de São Paulo e Estadão) –, como em matéria de emprego e inflação, terras indígenas, matriz energética, empréstimos do BNDES, dentre outros.
Mas há algo para além do discurso que merece ser considerado: o comportamento e os protocolos formais de um chefe de Estado e de uma comitiva presidencial. Não é preciso ser analista de relações internacionais para saber que cerimonial importa, que os protocolos importam no sistema internacional. Nos bastidores da ONU e de Nova York, se comenta o vexame que passamos com os comportamentos do presidente e de sua comitiva na ONU e na cidade. A começar pelo presidente não poder entrar em um restaurante nova-iorquino, pois não apresentou sua carteira de vacinação. Ele, e parte de sua comitiva, foram flagrados na rua, comendo pizza em pé. Como se fosse pouco, o Ministro da Saúde, o médico paraibano Marcelo Queiroga mostrou o dedo do meio para manifestantes contrários ao presidente.

O legado de Bolsonaro é gravíssimo para a diplomacia e para a política externa brasileira, rompendo com uma credibilidade internacional brasileira construída e lograda a duras penas, e por séculos. Não se tratou de um discurso à la direita convencional, não se tratou de uma distinta visão do interesse nacional frente aos grandes desafios do sistema internacional; o discurso envergonha, pois, foge a quaisquer parâmetros ordinários de política externa, pois parte de uma negação à ciência e da utilização de informações inverídicas. Ademais, a praxe dos protocolos de um chefe de Estado e de sua comitiva causou embaraço até aos mármores do Palácio do Itamaraty.

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