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Bois ainda hão de voar

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Se a eleição para o governo da Paraíba fosse moleza, Luciano, Cássio ou Romero seria o candidato. Fato. Mas sabendo que não é, o trio resolveu lançar Lucélio. Cada um com uma motivação específica. Porque no “jogo bruto da política”, pegando carona na expressão criada pelo arquiteto da política Luciano Agra, quem conduz a boiada é o boi e não o bezerro.

Agora vamos aos prováveis fatos que antecederam o cenário atual. Ao dizer ao povo que “fico”, Luciano deu o primeiro nó na corda da sucessão estadual. Quando a lógica dizia que isso o deixaria fraco, eis que surge mais força, capaz de amarrar muita gente a ele, à espera dos seus próximos passos. Começou, então, o cabo de guerra no jogo sucessório.

Sem a certeza do apoio de Cássio “na vera”, com receio em relação às reais intenções do vice Manoel Júnior no quadro e já rompido com Maranhão, Luciano tirou o time de campo. Não iria arriscar a PMJP sem o mínimo de certeza se iria ganhar o governo. E, assim, ganhou da oposição e da situação o status de vaca sagrada da Índia, que não pode ser morta, nem ferida e ainda tem passe livre para circular nas ruas sem ser incomodada. Por duas razões: seu peso político pessoal na capital e o peso político da Prefeitura de João Pessoa.

Luciano, se tivesse a oposição unida em torno do seu nome, possivelmente seria eleito governador. Mas como o tal SE agora não serve para nada, pulemos esse capítulo. E vamos ao que realmente interessa.

Com Luciano fora do páreo, a oposição precisou repensar as estratégias. O natural seria uma candidatura de Cássio, de Romero ou até mesmo de Pedro. Mas não foi nenhum deles. Romero não quis arriscar perder a PMCG por uma tentativa incerta de chegar ao governo. Cássio, por sua vez, sabe que não é mais o mesmo, preferiu disputar a reeleição ao Senado. É bem mais confortável para ele. Ao contrário de 2014, quando perdeu a eleição para Ricardo, agora não teria mais a cadeira de senador para consolá-lo. Romero e Cássio pensaram assim: é melhor um tucano na mão do que dois voando.

Ricardo, ao dizer ao povo “também fico”, deu o segundo nó na corda da sucessão. Isolou a candidatura de Maranhão e fez o PSDB bater pino, pendendo para o seu lado parte da corda que já estava nas mãos de Luciano. Abriu mão de uma vaga praticamente certa no Senado para manter o controle do governo, o que é fundamental para o sucesso de João Azevedo nas urnas.

Agora vamos ao meu palpite. Ao declarar apoio a Lucélio, Cássio quer um palanque forte em João Pessoa, necessário para seu projeto de reeleição ao Senado, já que Campina ele já tem. E por outro motivo importante: com Veneziano na chapa do PSB de Ricardo disputando uma vaga no Senado, certamente vai disparar na capital e dividir os votos de Campina, já que ele e Cássio são conterrâneos. Ou seja, se sua reeleição estiver ameaçada, o tucano vai priorizar seu projeto pessoal e não o do Lucélio.

E por falar em Veneziano, até agora o único nome anunciado na chapa de João Azevedo, significa dizer que Ricardo está esperando o nome ideal, o momento certo, para preencher a segunda vaga de senador. E, provavelmente, vai esperar até os 45 do segundo tempo por Lucélio. É dele a vaga, se quiser. E, no fundo, no fundo e no raso, no raso, ele quer. Com João Azevedo, Veneziano e Lucélio, estaria fechado um time de peso, unindo os dois maiores colégios eleitorais do estado.

Se Lucélio vai ou não entrar na chapa da situação e abandonar o barco da oposição, é cedo para saber. Afinal, a pressa é inimiga da pressão. Mas provavelmente, ao lançar o irmão como candidato a governador, Luciano tem como carta na manga retirar a candidatura em troca de uma vaga ao Senado. Coincidência ou não, o novo partido dele é o PV, do mesmo campo político do PSB. Detalhe: a história mostra que sair da oposição para situação basta querer. Foi assim em 2014, quando Lucélio compôs a chapa de Ricardo e ficou em segundo lugar na eleição para o Senado, perdendo a vaga para Maranhão.  

Se tudo isso que escrevi é preciso ou impreciso, nem eu sei – embora faça muito sentido. Mas uma coisa é certa. Bois ainda hão de voar, como diria o engenheiro da política Cícero Lucena, até chegar o último dia para o registro das chapas que vão disputar a eleição. E como de boi Maranhão entende bem, ele já sabe que será o primeiro a voar.

O resumo da ópera é o seguinte. Para o PSDB, Lucélio é o boi de piranha. E para o PSB, a picanha. E para terminar essa crônica com carne sem osso, vou pegar carona em Zé Ramalho, o filósofo da minha inspiração:

“Ê, ô, ô, vida de gado

Povo marcado, ê

Povo feliz”.

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