Cláudia Carvalho

Cláudia Carvalho é editora e diretora do ParlamentoPB, jornalista e radialista, mestre em Jornalismo Profissional pela UFPB
Cláudia Carvalho

Bird Box: um bom filme para se ver depois do fim do ano

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Assisti ao badalado lançamento da Netflix, Bird Box, às vésperas do Natal. Cometi esse erro porque fui levada apenas pelos outdoors do mundo real e pelos banners da internet. Não cliquei em nada para saber mais sobre o enredo. Vi apenas que era estrelado por Sandra Bullock e quis me atualizar, ter assunto para as conversas com meus amigos que são antenados e sabem tudo sobre memes, tendências, seriados e filmes.

Por que não se deve ver Bird Box no fim do ano? Porque sabe-se que nesta época estamos com emoções mais afloradas. É comum que façamos reflexões sobre as metas traçadas em janeiro e cheguemos à conclusão que boa parte (senão todas) ficaram apenas na imaginação. Da frustração, vem a tristeza. E quando ligamos a TV estão lá todas as famílias felizes, com sorrisos de comercial de margarina… grupos dos quais muitos de nós não fazemos parte. Família é algo maravilhoso, sim. Mas, não se vive em paz e harmonia 365 dias por ano. Tem uns “pega-pra-capar” imensos, mágoas difíceis de superar e comuns a quem convive pela vida toda. Não é nada de absurdo. Mas, é também próprio do ser humano o desejo de querer mais, de criar altas expectativas e… se frustrar.

Sendo assim, e se um thriller apocalíptico não lhe tira do eixo, veja a nova aventura de Sandra Bullock antes de sair para a praia em janeiro.

Feita a introdução, estava em um momento de autoanálise e remoído de frustrações quando dei o play em Bird Box. Quem está acostumado com as gracinhas de Sandra Bullock, pode esquecer. Nesse filme, ela está mais para Gravidade do que para Miss Simpatia. Aliás, nada de leve há.

Sandra é uma grávida deprimida que vai a um exame de pré-natal com a irmã mesmo tendo visto na TV que um estranho fenômeno causador de suicídios em massa está ocorrendo em alguns países. Como acontece com a maioria de nós, ela pensa que aquilo jamais poderia acontecer com ela e mantém a agenda normal. No caminho de volta, contudo, as duas se deparam com cenas devastadoras nas ruas. Multidões correndo e procurando a morte da maneira mais breve. Estupefata, Malorie (Sandra Bullock) vê a irmã, normalmente entusiasmada e positiva, se transformar totalmente, adotar um semblante triste e tomar o mesmo destino que se desenha ao redor.

A partir daí, a jornada é 100% suspense, com nossa heroína lutando para não sucumbir ao destino de quase todos. Logo, ela descobre que não se pode olhar para a “criatura”, que nunca aparece no filme, mas é antecedida por uma ventania mórbida e acompanhada por vozes que sugerem a rendição. Malorie resiste, numa luta sobrehumana pela sobrevivência, mesmo vendo sua espécie ser dizimada rapidamente.

Escondida em uma casa onde não se pode olhar o exterior, junto com algumas outras pessoas, todas vindas de existências conturbadas, ela sobrevive 5 anos e planeja uma fuga aparentemente impossível. De olhos vendados e levando consigo duas crianças (seu filho natural e uma menina cuja mãe foi atingida pelo olhar da criatura), quer chegar, de barco, a um abrigo onde outros humanos com quem manteve contato remoto vivem em paz. Como “instrumento” de viagem, carrega uma caixa com pássaros. Por algum estranho motivo, eles avisam quando a “criatura” está por perto.

O filme é cheio de simbolismos e a diretora, Susanne Bier, explicou que quis dar uma tônica mais positiva ao filme que a escrita originalmente no livro de Josh Malerman.

Provavelmente, a leitura de cada “símbolo” será feita de modo subjetivo, mas o tal “monstro” que acomete a humanidade em Bird Box parece ser a depressão, mal de nosso século. Olhar para ela, no filme, pode ser compreendido como se render aos motivos que temos para ceder às tristezas. Há personagens, contudo, que até admiram o mal. São pacientes psiquiátricos que já buscam a morte por causa de suas patologias e chegam a dizer, no filme, que é algo “lindo”. Os pássaros, por sua vez, fazem uma referência à esperança, que nunca deve abandonar uma mente sã, fazendo-a escolher a vida e lutar por tudo aquilo que lhe traz felicidade, especialmente o amor, elevado na obra como o maior remédio para a doença da desesperança.

Tentei evitar spoilers, mas se quiser ler mais sobre eles, clique aqui.

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