O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse nesta quarta-feira que não recorrerá à Justiça Eleitoral para que o partido fique com o mandato da senadora Marina Silva (sem partido-AC). Ela deixou hoje a legenda com a justificativa de que o partido não ofereceu "condições políticas" para avanços na questão ambiental.
Berzoini lembrou que o PT defende a fidelidade partidária, como está previsto na resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Porém, no caso de Marina Silva, houve interlocução "positiva e respeitosa" entre o partido e a senadora.
"Houve uma interlocução positiva e respeitosa com a Marina, fazendo um debate sobre as razões da desfiliação. Não seria correto depois de tanto diálogo pedir o mandato dela", afirmou.
O deputado ressaltou que essa é a posição dele como militante do partido, e que a decisão final será do Diretório Nacional. Porém, ele não acredita que algum dirigente do PT defenderá uma ação contra Marina.
A resolução do TSE sobre fidelidade partidária, fixada em 2007, estabeleceu a fidelidade partidária ao punir com a perda do mandato os parlamentares que trocarem de partido.
Desfiliação
Em entrevista na qual anunciou sua decisão de deixar o PT, Marina agradeceu a um grupo de petistas que a pressionaram a permanecer na legenda, como o próprio Berzoini, os senadores Aloizio Mercadante (PT-SP), Tião Viana (PT-AC) e Eduardo Suplicy (PT-SP). A senadora não mencionou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque disse que não discutiu com o petista a sua saída da legenda.
Marina evitou vincular sua saída do PT com a filiação ao PV, mas deu sinais claros de que vai aceitar o convite para ingressar nos quadros da legenda. "Não seria ético, justo com o PT e com os meus companheiros e a minha trajetória, iniciar as conversações com outro partido. Eu tinha que me sentir livre para iniciar as conversas, afirmou.
Candidatura
A senadora disse que vai definir até o final do mês o seu destino político, quando termina o prazo previsto pela Legislação Eleitoral para filiações dos candidatos que vão disputar as eleições de 2010.
Marina também disse que vai decidir, nos próximos meses, se aceitará o convite do PV para disputar a Presidência da República no ano que vem.
Bem-humorada, Marina evitou uma eventual composição de chapa para disputar o Palácio do Planalto com o cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil –que é filiado ao PV.
Folha Online