Se, às vezes, é difícil mensurar a importância de coisas supostamente revestidas de plena concretude, o que dizer acerca da validação de si próprio. O valor que cada um consegue se dar durante uma autoavaliação, algo essencial à construção da autoestima, formada e nutrida umbilicalmente, desde o ventre materno, quando o ser humano pode ser desejado ou não.
Lançado ao mundo, sabe-se que o bebê recebido com estima e amor, costuma apresentar satisfatórios padrões de desenvolvimento emocional e evolução cognitiva. Tal constatação aplica-se às diferentes fases. Seja engatinhando, nos primeiros passos, na escola, em meio às crises da adolescência e em qualquer circunstância da vida adulta, o binômio aceitação e acolhimento sempre faz a diferença.
O que dizer então quando autoaceitação e autoconfiança também perpassam a existência humana, com raízes sólidas, instigantes do amor próprio mesmo nas situações mais adversas. Naquelas em que defeitos, fracassos, vulnerabilidades e sentimentos de menos valia teimam em levar a mais forte das pessoas ladeira abaixo. Aqui não se fala em autoestima fake, impulsionada tão somente por firulas ou palavras bonitas, professadas ao vento, sem relevância alguma para quem faz uso.
A autoestima é também um estado de espírito, alimentado por subjetividades que transcendem padrões e paradigmas sociais. Está sempre em construção, portanto, jamais será estática. Nada a ver, por exemplo, com centímetros e quilinhos a mais ou menos, produções e make da moda. Afinal, beleza física e amor próprio são atributos bem distintos. Quem nunca se enxergou bonita por fora e destruída internamente?
Esse modelo de autoimagem foge de superficialidades, por alcançar profundezas capazes de transformar a vida de alguém. Na ausência da autoaceitação e amor próprio, o ser humano tende a paralisar, sucumbir diante do medo de errar. Recusa-se até mesmo a tentar, porque a frustração de não conseguir o impede de arriscar. O mais simples dos desafios pode tornar-se motivo de dor, ansiedade, depressão e pânico, culminando com um quadro de adoecimento mental.
Assim, perde também a oportunidade de aprender, aceitando e acolhendo cada uma das suas imperfeições. Defeitos e virtudes permeiam a história de todos. A consciência individual acerca desse self é que poderá fazer a diferença. Quanto maior o reconhecimento de si próprio, maior o poder de transformação e elevação da autoestima.
A notícia boa é que todo ser humano é capaz de melhorar os níveis de satisfação pessoal, tornando-se protagonista do modo de ser, pensar e agir. Pode até não ser tão fácil, mas há experiências alentadoras .
Liberar-se de culpas e sentimentos negativos; conseguir viver verdadeiramente o presente; buscar autoconfiança; ser mais flexível; não se comparar com os outros, tampouco generalizar experiências; e estimular as relações (familiares, sociais e profissionais) constituem formas de abrir frestas à tão sonhada valorização intrapessoal. Afinal, não dá para ser feliz sem uma boa autoestima para chamar de sua.