Antes de confessar o assassinato da adolescente Júlia dos Anjos, de 12 anos, o padrasto dela, Francisco Lopes, procurou a Central de Polícia para se queixar da abordagem de familiares da vítima e vizinhos que já desconfiavam do envolvimento dele no desaparecimento da garota, ocorrido na última quinta-feira, 7. Pouco tempo antes de entrar na Central Polícia, onde seria ouvido pelo delegado Hector Azevedo, Francisco chorou, disse que era inocente, mas que se sentia “encurralado” pelas suspeitas que recaíam sobre ele.
“Toda família está vendo que eu estou perto, não estou me ausentando. Já fiz exame, meu carro está aqui, fazendo perícia, mas vou ter que falar que estou sem saída e estou me sentindo encurralado. Eu estou correndo risco de vida. Todo mundo na Praia do Sol me conhece. Eu nunca fiz mal a ninguém. Eu sou inocente, pessoal. Eu não tenho nada a ver. Meu relacionamentoo com Júlia sempre foi bom. “, disse ele ao repórter Gustavo Chaves da TV Arapuan. “Eu quero que Júlia apareça. Eu não posso nem ficar com minha esposa que está grávida e eu estou preocupado, mas vão achar ela, vão achar”, disse Francisco chorando.
O corpo de Júlia foi retirado do Poço Amazonas, localizado na Praia do Sol no início da tarde de hoje. A perícia vai identificar se houve abuso sexual. Sabe-se que a menina foi esganada pelo matador. Ele, por sua vez, apresentava arranhões no pescoço, mas alegou que tinha se cortado fazendo a barba. Entretanto, foi uma contradição porque as marcas eram recentes e Francisco estava com a barba por fazer.
A família da menina estava na Central de Polícia quando a polícia informou o desfecho do crime. A mãe entrou em desespero e o pai disse que não perdoava o assassino.
Júlia dos Anjos havia desaparecido na quinta-feira passada e a mãe, Josélia Araújo, encontrou no celular dela mensagens de uma mulher que prometia a ela uma oportunidade como modelo. Inicialmente, a família pensou que ela poderia ter sido atraída por essa estranha para uma armadilha. Francisco, inclusive, disse ter sido informado de que a menina havia sido vista em companhia de uma mulher na Praia do Sol e que uma testemunha, conhecida dele, relatara que a garota parecia assustada. Agora, com a confissão do padrasto, a versão parece ter sido criada por ele para atrapalhar as investigações.
O delegado Rodolfo Santa Cruz contou que a polícia desconfiou de Francisco quando ele disse, em depoimento, que ao sair para trabalhar na manhã de quinta-feira, havia trancado a porta e jogado a chave para dentro de casa, pela janela. Depois, segundo o suspeito, a menina teria feito a mesma coisa. Porém, segundo o delegado, a chave dificilmente cairia exatamente no mesmo lugar ao ser arremessada da janela.