Cansado de esperar por uma definição do grupo de oposição na Paraíba e pela consequente proclamação de seu nome para disputar o Governo da Paraíba, o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) fez um movimento ousado na semana que passou e anunciou que desistira do pleito e ficaria na gestão municipal até o fim. A decisão pegou a todos de surpresa e os tremores vindos do Paço Municipal foram sentidos até Campina Grande.
Alguns efeitos colaterais foram pontualmente maiores.
Manoel Júnior, que aceitara ser vice arregalando os olhos para sentar na cadeira de Cartaxo sem deixá-la esfriar sequer, engoliu seco o “fico” do prefeito. Suas bases para deputado federal terão que ser recompostas, já que ele não terá estômago para continuar vice e agora abespinhado com o titular.
Cássio Cunha Lima, que tinha a certeza de apoiar um candidato com muitas chances de vitória, se viu atordoado. Agora, a alternativa seria sacar Romero Rodrigues, mas no meio do caminho tinha os Ribeiro. E a relação com o vice de Romero não é exatamente de cumplicidade à toda prova. Se Romero sai, Enivaldo Ribeiro assume e daria apoio ao tucano no pleito?
De seu ponto no front, Luciano pode se dar ao luxo de observar os demais atores à sua cata. Para onde for, levará uma boa vantagem. Mas, a bolsa de apostas é ampla. Cota-se que ele já estaria alinhado com o governador Ricardo Coutinho para incluir o irmão, Lucélio, como candidato ao Senado. Outros dizem que o prefeito fez apenas uma jogada para botar a oposição para marchar no ritmo que ele ditar e que estaria pronto para voltar ovacionado pelo ninho tucano.
Recluso desde a entrevista coletiva, Cartaxo não deu pistas do que está por vir, mas, se ainda tivesse esperança de ficar na oposição, por que chamaria a imprensa para anunciar que desistira do pleito? Seria um marketing tão virtual assim? Quem souber ganha um picolé de manga.