A secretária de Finanças do Estado, Aracilba Rocha, usou sua habitual contundência ontem à noite para fazer uma radiografia da situação financeira do Governo, durante uma entrevista concedida ao Padre Albeni, na TV Master. Ela confirmou o quadro caótico já citado pelo governador e chegou a dizer que a gestão de José Maranhão (PMDB) foi "irresponsável" e teria tratado o dinheiro público de uma maneira ultrapassada e sem planejamento "como acontecia em 1822".
– O que mais me chocou foi a irresponsabilidade com que foi tratado o dinheiro público. Estamos em 2011. Não se concebe mais o trato com o dinheiro público como acontecia em 1822. Não tinha planejamento e nem decisão para que o Estado se enquadrasse na atualidade. A Paraíba é o único Estado que ultrapassava a Lei de Responsabilidade Fiscal. Eu sempre tive receios com processos, mas essas pessoas não tiveram a mínima temeridade.
Aracilba ainda comentou as negativas feitas pelo antecessor na Pasta, Marcos Ubiratan. O ex-secretário chegou a dizer que os auxiliares de Ricardo Coutinho estariam exagerando e "viajando" nas críticas à gestão peemedebista
– Tenho muito respeito por Marcos Ubiratan, mas há maneiras de se administrar. Ricardo Coutinho vai gastar o que tem. Outros gastaram sem expectativa de pagar ou com o que não tinham. Hoje, eu não consegui sair do gabinete porque o Ministério Público nos mandou pagar uma dívida que deveria ter sido quitada em agosto passado e que é de medicamentos excepcionais . Nós tivemos que pagar sem estar na previsão R$ 6 milhões. Senão, os fornecedores não têm como pagar e as pessoas morrem. Então, eu não sei quem está viajando. Eu sei que estou me vendo na obrigação de pagar até sem recursos porque a dívida é real.
Menos café – Para ilustrar o esforço dos cortes feitos pelo novo Governo, Aracilba citou que em seu primeiro dia na Secretaria de Finanças procurou saber quantas garrafas de café eram feitas. Quando soube que eram 10, ela determinou que fosse reduzida a quantidade.
– É um exemplo. Ou diminui o café ou você não economiza em casa. Na sua casa, você diz "apague a luz", "feche a torneira". Vai passar café o dia inteiro? Aluguel de carro? Vai diminuir em 30%. Também acabou a festa com telefone celular. Aluguel de casas, serão trocadas. A ordem é corte de 30% em tudo. Não vamos parar o Estado, mas vamos administrar o Estado como se fosse a nossa casa. Garanto que daqui a oito meses, estaremos equilibrados.