Pouco tempo atrás, uma massa verde-amarela tomou conta das ruas do Brasil para apoiar Aécio presidente – “por um país melhor, livre da corrupção”.
Veio a eleição, e o salvador da pátria perdeu. A massa voltou às ruas para chorar a derrota e, incitada por Aécio e seus comparsas da política, dos grandes grupos econômicos e da grande imprensa, embarcou em outra onda da mesma cor.
Dessa vez, o objetivo era derrubar a presidente eleita pelo voto da maioria dos brasileiros – novamente “por um país melhor, livre da corrupção”. A massa mordeu a isca e foi na onda.
Pouco tempo depois, as máscaras dos salvadores da pátria começaram a cair. O Brasil ficou pior, e a corrupção continuou. Aécio e Temer, os salvadores de araque, são os principais personagens dessa história.
Atordoada, decepcionada e desiludida, a massa verde-amarela sai em busca de outro salvador da pátria – mais uma vez “por um país melhor, livre da corrupção”. E com alguns ingredientes a mais, “pela família, pela moral, pelos bons costumes e Deus acima de tudo”, eis que surge o “salvador da pátria” ideal, o verdadeiro “cristão”. Jair Messias Bolsonaro.
Pronto. A massa achou finalmente o cara. O Messias, então, herda o rebanho do salvador da pátria que não deu certo, Aécio, porque foi pego com a boca na botija. Tão desgastado e desmascarado como o outro salvador, Temer vê seu rebanho ir embora também. E torna-se uma espécie de alma penada do Palácio do Planalto.
Enquanto isso, a crise no Brasil vai aumentando, o povo vai se desesperando e perdendo até a esperança no país. Pronto. O cenário é perfeito para alguém ocupar o vácuo. Com uma pregação messiânica no lugar do discurso político, o Messias avança e divide ainda mais o mar de brasileiros. De um lado, os bons, o povo de Deus. Do outro, os maus, os corruptos, os soldados do apocalipse tupiniquim.
Em suas pregações, o pastor fala o que o rebanho quer ouvir. Porque ele não tem como arrebanhar os diferentes, mas apenas os iguais. E pouco importam para eles as suas próprias contradições. O que importa mesmo são apenas as contradições dos outros.
Com uma faca na barriga, após ser salvo pelo SUS, o Messias escapa da morte e se levanta. Em vez de pedir a paz, ele faz das mãos uma arma. Os diferentes reprovam, e os fiéis aplaudem. Pronto. Era só o que faltava.
Como essa história vai acabar, ainda não temos como saber com exatidão. Mas já é possível extrair alguns desdobramentos. Afinal, a principal arma do Messias é a ilusão, o “mundo perfeito” que ele promete, mesmo sabendo que não vai entregar. E o principal escudo é a desesperança da massa, que alimenta a fé e a ilusão apenas da palavra do “salvador”.
Deus, tende piedade de nós.