Estudos mostram que as cardiopatias complicam de 0,2% a 4% as gestações nos países ocidentais. No Brasil, a evidência média é de 4,2%. Além disso, as pesquisas também apontam que o número de pacientes que desenvolvem problemas cardíacos durante a gravidez vem aumentando. Por isso, antes de tentar engravidar, toda mulher deveria marcar uma consulta com seu cardiologista e com o profissional de saúde que cuidará da sua gravidez.
Tal tema merece atenção extra, principalmente porque o risco de problemas cresce ao longo da gestação à medida que a demanda do coração aumenta. Se a mulher for diagnosticada com algum problema no coração durante a consulta, provavelmente será encaminhada a um obstetra especializado em gravidez de alto risco (especialista em medicina fetal materna).
No caso de mulheres com doenças no coração (cardiopatias), o pré-natal deve ser realizado em serviços especializados com equipes multidisciplinares e que estejam familiarizadas com gestação de alto risco. Atualmente, a cardiopatia é considerada a maior causa de morte materna indireta no ciclo gravídico-puerperal.
Por isso, pacientes cardiopatas devem receber aconselhamento adequado antes mesmo de tentar engravidar. Nessas pacientes, há risco aumentado para insuficiência cardíaca congestiva e arritmias cardíacas durante a gravidez, o parto e o puerpério. Com importantes exceções, a maioria das mulheres cardiopatas tem um resultado favorável na gestação. Uma avaliação cardíaca pré-concepcional é de grande valor para avaliar riscos, substituir medicações e planejar intervenções, caso haja necessidade.
Hipertensão gestacional afeta 10% das grávidas
Cerca de 10% das gestantes são afetadas pela chamada hipertensão gestacional. A doença se caracteriza pelo aumento da pressão arterial após a 20ª semana de gestação, normalmente no terceiro trimestre, porém sem perda de proteínas pela urina ou qualquer outro sintoma sugestivo de pré-eclâmpsia. Geralmente, o problema desaparece espontaneamente entre uma ou duas semanas após o parto.
A hipertensão gestacional é considerada uma condição multifatorial, ou seja, não apresenta uma única causa. Normalmente, é provocada por uma alimentação desequilibrada, rica em sal, associada a um problema de adaptação do organismo da gestante à sua nova condição. Fatores como sedentarismo, histórico familiar e estresse também podem influenciar no aparecimento da doença.
Importante: mulheres que engravidam mais tarde, por volta dos 40 anos de idade, podem sofrer infarto durante a gestação. Isso porque o de infarto durante a gravidez aumenta progressivamente com o avanço da idade. No caso de mulheres que engravidam após os 40 anos, há uma elevação do risco em torno de 20 % para cada ano acima dessa idade. Geralmente, mulheres que engravidam mais tarde também têm mais chances de desenvolver a hipertensão na gravidez.