Campina Grande – O rompimento da barragem de Camará completou dois anos e cinco meses no último dia 17. Na noite do décimo sétimo dia do mês de junho de 2004, a barragem rompeu inundando parte do município de Alagoa Grande. A cidade de Mulungu também foi afetada pela tragédia que deixou um saldo de cinco mortes e cerca de três mil desabrigados. Onze dias depois, a represa sofreu mais um desmoronamento.
Na última terça-feira, o governador participou de um evento na Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campina Grande. José Maranhão afirmou em entrevista que reconstruirá a barragem de Camará. O governador explicou que a licitação acontecerá em janeiro com a reinauguração marcada para abril. Rodolfo Rodrigues disse que o prazo dado pelo atual gestor para reconstruir a represa é muito pequeno. O vereador do Partido Republicano ironizou o título de mestre de obras de Maranhão. O oposicionista acrescenta que a reconstrução da barragem será usada como "um palanque eleitoral".
Já Pimentel Filho que disse que 90 dias é tempo suficiente. O parlamentar do PMDB acrescenta que já viu obras de maior porte serem construídas em menos tempo. Ele argumenta que o anúncio da reconstrução não será usado como propaganda eleitoral e defende o governador dizendo que Maranhão tem um histórico de realização de obras em nosso estado. Opinião parecida foi a de Perón Japiassú. Ele disse que menos importante que o tempo para reconstruir é a qualidade da obra e a disposição do governador para realiza-la. Peron afirma que desta vez Camará será construída como há muito devia ter sido feito.
Por outro lado, João Dantas disse que o governador foi culpado do desmoronamento da barragem que agora quer reconstruir. O vereador filiado ao PTN acrescenta que a mídia tentou jogar a responsabilidade para o ex-governador Cássio. Ele também não acredita que em 90 dias a represa seja reconstruída.
Perón Japiassú disse que não devemos levar em consideração o tempo que levará para reconstruir a barragem. O vereador petista defende a reconstrução da represa o mais rápido possível. O parlamentar governista afirma que desta vez Camará será construída como há muito devia ter sido feito.
A Universidade Federal da Paraíba produziu um relatório analisando o desmoronamento da barragem. O estudo feito por vários engenheiros mostrou que a barragem tinha capacidade para mais de 26 milhões de metros cúbicos de água. O relatório também disse que foram gastos na obra cerca de R$ 24 milhões. O engenheiro civil Normando Perazzo Barbosa é professor no departamento de engenharia da Universidade Federal da Paraíba. Ele e mais três engenheiros da UFPB elaboraram no ano de 2004 um relatório a pedido do Ministério Público Federal e Estadual acerca do rompimento da barragem. Segundo o engenheiro, a reconstrução da barragem é possível e deve ser feita, mas se for realizada sem estudos específicos pode ocasionar uma nova tragédia.