A criação, na Assembleia Legislativa da Paraíba, do G10, um grupo “meio independente”, mas contraditoriamente “100% governista” expôs a fragilidade de um grupo que teve seus altos e baixos, mas sempre obedeceu à batuta rigorosa de Ricardo Coutinho. Oposicionistas torciam desde a campanha para que o eleito João Azevedo se estranhasse com seu padrinho e antecessor, mas o que os adversários não conseguiram, alguns aliados vão tocando com maestria.
Os problemas no jardim girassol começaram na aurora do governo de João. No dia 1º de fevereiro, contrariando um acordo selado na presença do atual chefe do executivo, Hervázio Bezerra, nome ungido para suceder Adriano Galdino na presidência da Assembleia foi surpreendido por uma manobra radical feita pelo indomável Tião Gomes, ao retirar sua candidatura em favor de Galdino. Eleito para quatro anos na Casa Epitácio Pessoa, o presidente ganhou superpoderes e os tem usado para catapultar sua influência em diversos flancos.
Um deles é o bendito G10, que se dá muito bem com Adriano, enquanto que o que poderia ser chamado de “PSB raiz” (Jeová Campos, Estela Bezerra, Cida Ramos, etc) se sente escanteado. Um girassol descontente confidenciou que o presidente da Assembleia tem mais atenção à oposição que ao grupo “raiz”.
No último fim de semana, Ricardo Coutinho viu recusada sua sugestão de que João Azevedo tomasse as rédeas e diluisse o G10. O atual governador disse que eles são de sua base e ponto final.
Como pano de fundo para o drama político do momento está a Operação Calvário cujo ponto alto desejado pelos adversários do PSB seria a inelegibilidade de Ricardo Coutinho, provável candidato a prefeito de João Pessoa e favorito desde já. Em torno de sua vantagem presumida, paira a sombra incômoda das acusações de irregularidades na relação da Cruz Vermelha com o Hospital de Trauma. Perto de João, conselheiros recomendam o “descolamento”.
A frase dita pelo atual governador de que ele e Ricardo são “completamente diferentes” começa a tomar corpo. A depender da dimensão da diferença e do tempo em que ela se manifeste, as festas juninas podem assistir a um espocar ainda mais intenso que os dos fogos tradicionais do período.