Angélica Lúcio

Angélica Lúcio é jornalista, com mestrado em Jornalismo pela UFPB e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, atua na Comunicação Social do HULW-UFPB/Ebserh como jornalista concursada.
Angélica Lúcio

Alfabetização midiática para todos nós por favor 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Quais competências são necessárias para que uma pessoa possa analisar de maneira crítica as informações a que tem acesso? Questionei-me sobre isso ao ler matérias recentes que citavam a adoção da alfabetização midiática como estratégia do governo da Finlândia no combate às fake news

Atualmente, a Finlândia ocupa o primeiro lugar no mundo no ranking que mede a resiliência à desinformação, segundo estudo anual do Instituto Open Society. Em 2016, o currículo do sistema escolar finlandês foi adaptado para ensinar às crianças as habilidades necessárias para identificar notícias falsas. O tema é tratado em matemática, artes, línguas, enfim, todas as disciplinas. 

Para obter sucesso no combate às notícias mentirosas, o governo da Finlândia desenvolveu duas políticas: o Programa Governamental da Sociedade da Informação (Government Information Society Programme, 2007- 2011); e o Programa de políticas para o bem-estar de crianças, jovens e famílias, as quais enfatizam objetivos e medidas envolvidos na segurança de ambientes midiáticos, alfabetização midiática e serviços on-line.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), outros países têm ações de Alfabetização Midiática e Informacional (AMI) que merecem destaque. A Índia montou uma força-tarefa para desenvolver um consenso nacional entre todas as bibliotecas sobre as iniciativas de desenvolvimento de políticas para tornar o país uma sociedade alfabetizada em informação; e o governo da Argentina criou uma política nacional sobre alfabetização midiática com múltiplos atores, como associações midiáticas (estações de rádio, canais de TV, cinemas e revistas nacionais), empresas privadas e o sistema educacional.

No Brasil, o Instituto Palavra Aberta, uma entidade sem fins lucrativos, é um importante agente no combate não apenas à desinformação, mas também no fomento à educação midiática e informacional como instrumento de empoderamento dos cidadãos. Desde 2019, o instituto desenvolve o programa EducaMídia, que atua na formação e no engajamento de professores no processo de educação midiática de jovens. Mais recentemente, também foi lançado o EducaMídia60+, para que pessoas com mais de 60 anos de idade possam desenvolver as habilidades necessárias para participar plenamente da sociedade conectada. 

A Alfabetização Midiática e Informacional, como conceitua a Unesco, compreende o “conjunto de habilidades para acessar, analisar, criar e participar de maneira crítica do ambiente informacional e midiático em todos os seus formatos — dos impressos aos digitais”. Para a população, os benefícios da AMI podem ser resumidos da seguinte forma: 1. Maior participação ativa e democrática; 2. Conscientização sobre as responsabilidades éticas da cidadania global; 3. Permitir o diálogo intercultural, a tolerância e a compreensão cultural. 

E quais competências os indivíduos devem ter para consumir conteúdos com criticidade? A Unesco aponta: compreender a importância e o ambiente necessário para mídia, internet e outros provedores de informação, avaliar e usar as informações com senso crítico para compartilhar cultura, desenvolvimento, democracia e paz etc. Acrescente-se a isso, definir as necessidades informacionais, localizar, avaliar, organizar, usar de maneira ética, comunicar a informação e produzir conteúdo. Mais: melhorar o acesso à informação, a pesquisas, a estudos, à aprendizagem e à vida pessoal. 

Proporcionar Alfabetização Midiática e Informacional a todos nós — e não apenas a quem hoje está nos bancos físicos ou virtuais das escolas — é essencial. Urgente até. E os levantes golpistas na frente dos quartéis no Brasil (inflados pela propagação de fake news), são uma prova disso. 

MAIS LIDAS

Guarabira ganha destaque internacional em programa sobre discos-voadores no History Channel

Traficante que atuava na PB e levava vida de ostentação é preso durante show em SP

adrotate banner="232"