O ex-governador Geraldo Alckmin se desfiliou nesta quarta (15) do PSDB.
Ele entregou uma carta de desfiliação para o diretório municipal da legenda que ajudou a fundar e na qual permaneceu por 33 anos —sua assinatura foi a sétima da ata de criação do PSDB. O ex-governador também presidiu o partido entre 2017 e 2019.
A informação de que Alckmin deixaria o PSDB foi antecipada pela coluna em maio. Naquele mês, ele avisou a aliados que deixaria a legenda, hoje dominada pelo governador João Doria (PSDB-SP).
A gota d’água foi o anúncio de filiação do vice-governador Rodrigo Garcia à legenda, consolidando a candidatura dele ao governo de São Paulo e bloqueando o caminho de Alckmin. Garcia teve o patrocínio de Doria.
Alckmin está conversando com Lula e com o PT para ser candidato a vice-presidente na chapa do petista em 2022. As tratativas foram antecipadas também pela coluna, em novembro.
A ideia inicial era que o ex-governador saísse do PSDB e entrasse no PSB, que o indicaria a vice de Lula.
Divergências das duas legendas em relação à campanha para o governo de São Paulo, no entanto, dificultaram esse arranjo até o momento.
O ex-governador Márcio França, aliado de Alckmin e empenhado em transformá-lo em vice de Lula, já anunciou que pretende se candidatar à sucessão de Doria —e quer o apoio do PT para isso.
A aliança estadual faria parte do pacote em que o PSB indica Alckmin a vice.
O PT de São Paulo, no entanto, não concorda. E pretende manter o nome de Fernando Haddad no páreo para a corrida eleitoral paulista.
Por causa disso, Alckmin não deve anunciar agora a filiação ao PSB.
Caso o acordo com os socialistas não dê certo, ele teria outras alternativas, como se filiar ao Solidariedade, que já formalizou o convite.
Neste domingo (19), Alckmin e Lula devem se encontrar pela primeira vez em público no jantar do grupo Prerrogativas, em SP, como revelou a coluna nesta quarta (15).
Após a publicação da desfiliação pela coluna, Alckmin fez uma postagem nas redes sociais dizendo que se inicia “um novo tempo! É tempo de mudança!”. E dizendo que em 33 anos de PSDB, “procurei dar o melhor de mim”.
Médico anestesista, Alckmin começou a carreira política em 1972, quando foi eleito vereador em Pingamonhangaba (SP) pelo MDB com 1.447 votos. Em 1976 conquistou a administração municipal, tornando-se o mais jovem prefeito da cidade.
Foi eleito deputado estadual (1083 a 1986) e depois deputado federal (1987 a 1990).
Em 1988, ajudou a fundar o PSDB, que surgiu como dissidência do PMDB.
Em 1998, escolhido para ser vice-governador na chapa de Mário Covas.
Com a morte do então governador, em 2001, ele assumiu o cargo, para o qual foi reeleito, exercendo o mandato até 2006.
Naquele ano, deixou o cargo para disputar a Presidência da República, e foi derrotado por Lula, que concorria à reeleição.
Voltou a se eleger ao governo de SP, e ficou no cargo por mais dois mandatos, até 2018.
Neste ano, voltou a concorrer à Presidência e não chegou ao segundo turno, que foi disputado entre Fernando Haddad (PT-SP) e Jair Bolsonaro (hoje no PL).
Folha Online