Sensação de alívio. Foi assim que a vendedora Fernanda Simone Azevedo definiu o sentimento dos familiares após a prisão do suspeito de assassinar a estudante Vanessa Maria de Oliveira, de 19 anos. O corpo dela foi encontrado em um matagal no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa, em julho do ano passado. Fernanda Simone é prima da estudante e desde a morte da jovem não se cansava de ir às ruas pedir justiça.
Na última terça-feira (29), os familiares e toda a sociedade que se comoveram com a morte trágica da estudante tiveram uma resposta concreta. O trabalho de investigação minucioso conduzido pelo delegado Alan Murilo Terruel resultou na prisão do homem que teria praticado o assassinato. Jonata Vieira da Nóbrega, o “nom”, de 25 anos, foi preso na Capital e confessou o crime.
“Foram oito meses de investigação, um trabalho silencioso, mas que avançava dia-a-dia, e agora, pudemos apresentar uma resposta válida à sociedade”, disse o delegado, que mesmo não estando mais lotado na Delegacia Especializada de Crimes Contra a Pessoa (Homicídios) – hoje, respondendo pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) -, decidiu continuar a frente do caso, a pedido dos familiares.
Segundo o delegado, o acusado admitiu ter assassinado a vítima depois que uma série de provas foi apresentada durante o depoimento. Toda a movimentação das ligações feitas por ele com o celular de Vanessa foi rastreada e o relatório foi entregue pela operadora de telefonia à Polícia Civil.
"Ele chegou a usar o telefone da vítima no local onde o corpo dela foi encontrado. Apresentamos a ele uma junção de provas técnicas: o caminho percorrido pelo assassino, os endereços por onde ele passou, um levantamento de vestígios apurados pelos agentes de investigação e ele não teve como negar", declarou Terruel.
Ainda durante a madrugada de terça-feira (29), foi feita a reconstituição do crime. O procedimento foi documentado pelo Instituto de Polícia Científica (IPC) e acompanhado por dois familiares, além de uma testemunha fundamental no processo, a pessoa que teria visto o acusado descer do ônibus e seguir a jovem pelo bairro de Jaguaribe.
De acordo com a reconstituição feita no local do crime, o acusado teria seguido Vanessa quando ela desceu de um ônibus em direção à sua casa. Como ela estava sozinha, ele teria resolvido roubar o celular dela, obrigando-a a ir até o matagal em Jaguaribe. Devido à reação da moça, ele teria dado um golpe em seu pescoço, matando-a. O acusado relatou já ter visto a estudante outras vezes e percebeu que ela sempre estava desacompanhada, o que influenciou em sua decisão de assaltá-la.
Justiça – Em contato com a Assessoria de Imprensa da Secretaria da Segurança e da Defesa Social (Seds), Fernanda Simone relatou os momentos de dor vividos pela família e as dúvidas em relação à morte de Vanessa. “Nós não sabíamos como e quando ela tinha sido morta. O corpo quando foi encontrado já estava em decomposição e isso era muito angustiante. Sei que não teremos nossa prima de volta, mas a prisão dele alivia nossa alma e dá ânimo para acreditarmos na Justiça”, relatou.
Segundo ela, acompanhar a reconstituição do crime também foi um dos momentos mais dolorosos. “Foi muito difícil acompanhar a reconstituição, muito doloroso ver de fato como tudo aconteceu, mas foi importante. Estamos mais aliviados e confiantes na Justiça”, contou Fernanda Simone.
Empenho da polícia – Fernanda revelou, ainda, que a família acompanhou de perto todo o desenrolar das investigações e elogiou o empenho do delegado e da equipe no tratamento dado ao caso. “A Polícia esteve o tempo todo ao nosso lado, cada passo nós éramos informados. Isso era muito confortante, mas ao mesmo tempo, continuávamos sem a resposta concreta. Nós tínhamos medo que a impunidade prevalecesse, mas não foi o que aconteceu. Somos muito gratos por isso”, ressaltou.
Os familiares lamentam não ter conseguido espaço na imprensa para agradecer em público o trabalho da polícia. “Dei entrevistas a várias emissoras elogiando e agradecendo, mas eles cortavam essa parte da entrevista. Meu direito de agradecer em público o trabalho feito pela polícia foi velado, mas vou fazer questão de divulgar onde eu for”, denunciou.
Jonata Vieira da Nóbrega continua preso na Central de Polícia e deve ser transferido para o Presídio do Roger, na Capital, onde vai aguardar julgamento.