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A “primavera do cinema paraibano” chega à plataforma Petra Belas Artes à la Carte

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Numa mostra inédita (‘O novíssimo cinema da Paraíba’), a recente produção de longas-metragens realizados no estado nos últimos três anos chega ao streaming Petra Belas Artes à la Carte. São sete longas e mais 17 curtas disponíveis desde quinta-feira, 5, aniversário da cidade de João Pessoa, e que permanecerão na plataforma até o dia 18 deste mês com acesso gratuito. A locução “primavera do cinema paraibano” foi alcunhada pelo crítico Luiz Zanin Oricchio durante o Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro de 2018 para a safra de seis longas-metragens realizados aqui e reunidos na mostra Sob o Céu Nordestino da edição daquele ano. Algo inimaginável entre os cineastas paraibanos. Os curtas da Mostra ‘O novíssimo cinema da Paraíba’ foram realizados entre 2014 e 2021.

Quando o cinema chegou à Paraíba, dois anos depois de sua invenção, ainda maravilhava o mundo. A primeira sessão mundial aconteceu no Grand Café de Paris, em 28 de dezembro de 1895, e deixou boquiaberta as pessoas presentes na sala. Se na cosmopolita Paris foi assim, imaginem na disputada sessão à Rua Nova (atual General Osório) na tradicional Festa das Neves de 1897, há quase 126 anos. A cidade de João Pessoa era chamada na época de Parahyba, capital da Província da Parahyba do Norte. Nossos antepassados assistiram os mesmos filminhos que os franceses, dois anos antes no Grand Café.

A presença na Paraíba do cinematógrafo, como era chamada a câmera de filmar e o aparelho de exibição, foi obra e graça do fotógrafo e dentista italiano Nicola Maria Parente radicado na nossa capital. Nicola Parente viajou à Itália para rever sua família e trouxe da França o cinema para o espanto e deleite dos paraibanos. Não se tem registro de filmagens feitas aqui pelo italiano. Sabemos, no entanto, que eternizou, como fotógrafo, ilustres integrantes da elite da então Província.

Essa longínqua e histórica sessão de cinema faz parte das recordações do nosso cineasta pioneiro Walfredo Rodriguez, à época com apenas três anos, segundo testemunho em sua obra mais conhecida Roteiro Sentimental de uma Cidade, publicada pela primeira vez, em 1962. Uma grande parte da memória visual da Paraíba chegou aos dias atuais graças ao empenho e dedicação de Walfredo Rodríguez, pintor, fotógrafo, cineasta, cronista e historiador.

Chegamos, então, ao ano em que o cinema paraibano virou referência para o Brasil: 1960. Isso se deu com o curta-metragem Aruanda, documentário de 10 minutos, realizado na bitola 35mm. Encabeçavam o projeto com Linduarte Noronha, os amigos Vladimir Carvalho e João Ramiro. A princípio, o próprio Linduarte manipularia a câmera, já que não tinha gente capacitada para tal tarefa. Mas foi Rucker Vieira quem terminou eternizado pela fotografia “estourada” e crua de Aruanda, elogiada pela ousadia que marcaria não só este filme, considerado o deflagrador do Cinema Novo, movimento cinematográfico que colocou o Brasil na vanguarda da sétima arte no mundo. Vladimir foi o mais bem-sucedido dessa turma, tornando-se um dos grandes documentaristas brasileiros da atualidade.

A partir da realização do Edital Walfredo Rodriguez de Produção Audiovisual de 2014/2015, o número de produções cinematográficas no Estado da Paraíba cresceu de forma inacreditável para o nosso padrão modesto de produção. O edital daquele ano previa a realização de três filmes de longa-metragem, sendo dois filmes de ficção e um documentário; três telefilmes e dez curtas-metragens, com um aporte de quase 3 milhões e 400 mil reais, sendo dois terços desse montante oriundos do Fundo do Setor Audiovisual (SAV) da Agência Nacional de Cinema (ANCINE).

Esse estímulo chegou a um momento que de tão produtivo, o 13º Fest Aruanda abrigou seis longas-metragens paraibanos no 13º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, com mais sete ainda em fase de produção ou finalização naquele ano, fenômeno chamado pelo crítico paulista Luiz Zanin Orichio de “A primavera do Cinema paraibano”. Integravam a Mostra Competitiva Sob o Céu Nordestino, os longas ‘Estrangeiro’, de Edson Lemos Akatoy; ‘O seu amor de Volta (mesmo que ele não queira)’, de Bertrand Lira; ‘Rebento’, de André Morais; ‘Ambiente familiar’, de Torquato Joel; ‘Beiço de Estrada’, de Eliézer Rolim, e ‘Sol Alegria’, de Tavinho Teixeira. Na mostra do À la Carte, conheceremos o inédito longa ‘A República da Selva’ (2021), de Manuel Fernandes.

Para Luiz Zanin, “tal safra não configura, possivelmente um “movimento”, no sentido clássico do termo, com uma poética estabelecida em cima de regras e posturas preestabelecidas, mas um desses círculos virtuosos ocasionais, beneficiados por uma soma de uma política de incentivo inteligente com a presença de talentos individuais.” Essa política a que se refere o crítico e estudioso paulistano, quando executada, gera não apenas entretenimento, mas também emprego e renda, divulgando nossa cultura e paisagem para o Brasil e o mundo, já que esses filmes foram exibidos em diversos festivais nacionais e internacionais.

Para a próxima terça, dia 10, a plataforma programou um debate com os realizadores Torquato Joel (‘Ambiente Familiar”), Bertrand Lira (‘Seu Amor de Volta’) Tavinho Teixeira (‘Sol Alegria’), Eliezer Rolim (‘Beiço de Estrada’) e André Morais (‘Rebento’) que terá a mediação da jornalista Maria do Rosário Caetano. Estranhamente Marcus Villar (‘Jackson, na batida do pandeiro’) não está entre os realizadores convidados. Um deslize a ser reparado. A mostra tem acesso gratuito para assinantes e não assinantes. O Petra Belas Artes à la Carte dispõe de mais ou menos 400 títulos da cinematografia de diversas partes do mundo com filmes clássicos, cults e obras de grandes diretores.

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