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‘A noite do fogo’ , de Tatiana Huezo, leva a violenta realidade mexicana às telas

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O cinema mexicano nos surpreende vez por outra com filmes que refletem de forma contundente a realidade do país dominado pelo narcotráfico e uma polícia corrupta e violenta. Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência. Um país fundado no velho coronelismo e numa elite perversa só aprofunda as desigualdades sociais e a violência, inclusive a institucional. Esse terror chega às telas no filme ‘A noite do fogo’ (México/Brasil/Alemanha, 1h50, 2021), escrito e dirigido por Tatiana Huezo (uma salvadorenha mexicana), que pode ser visto na Netflix. 

Ana (Ana Cristina Ordoñez González), Maria (Blanca Itzel Peréz) e Paula (Camila Gaal), ainda crianças, são iniciadas no horror de toda sorte que assola os povoados na região central e montanhosa do México. O mal chega través da presença do narcotráfico e suas plantações de papoulas, que gera trabalho precário e cuja seiva preciosa resultará na produção da droga que alimenta a violência local e alhures.  O apavoramento também vem do veneno derramado pelos helicópteros nas plantações, mas que não poupam pessoas e animais, e dos seqüestros de mulheres e assassinatos dos homens, que são obrigados a emigrar. 

Neste longa de estréia de Tatiana Huezo, o horror é representado pelo ponto de vista inocente das três meninas que logo se tornam adolescentes com uma visão forçadamente madura do que lhes podem acontecer. Huezo optou por não explicitar o horror, mas em uma das cenas perturbadoras do filme vemos Paula adolescente (Alejandra Camacho) fugindo do veneno despejado do céu procurando abrigo na escola e o desespero das colegas Ana (Marya Membreño), Maria (Giselle Barrera Sánchez) para lavar o corpo da amiga. O mal também está materializado nas milícias, na polícia local e no exército. A população fica acuada entre essas forças. 

Como ‘Cidade de Deus’ (Fernando Meirelles e Katia Lund, 2002), a estética de ‘A noite do fogo’ é herdeiro do neorrealismo italiano com suas locações naturais e, sobretudo, com a presença marcante de não-atores e atrizes. Não é coincidência que nesta coprodução México, Brasil e Alemanha, tenha uma participação significativa de profissionais brasileiros, desde a preparação de elenco à finalização da O2. A atuação das crianças e adolescentes não-atrizes e atores foi forjada pelas mãos draconianas de Fátima Toledo, envolvida numa grande polêmica quanto aos seus métodos.

Grande parte do elenco é da própria área que serviu de locações para o filme, rodado em Sierra Gorda do estado de Querétaro e Hidalgo, com altitudes de três mil metros, no centro do México, na cidade de Neblinas e povoados de El Naranjo, Vizarrón, El Humo, entre outros três, que se entusiasmaram com projeto e embarcaram na aventura proposta por Tatiana Huezo. ‘A noite do fogo’ foi selecionado pelo Festival de Cannes para a Mostra Un certain regard (Seleção oficial) e recebeu Menção Honrosa. A coprodução com nosso país vem do apoio da Ancine (Agencia Nacional de Cinema), FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) e do Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), instituição financeira pública de fomento controlada pelos estados da região sul do país

Baseado no romance ‘Preyers for the stolen’ (Rezem pelas mulheres roubadas, mas o título mexicano ficou ‘Noche de Fuego’), de Jennifer Clement, ‘A noite do fogo’ se revela prenhe de um olhar feminino: da autora estadunidense-mexicana do romance, da diretora e roteirista Taatiana Huezo, da fotógrafa Dariela Ludlow às personagens femininas, protagonistas da trama, ‘A noite do fogo’ prima pela delicadeza poupando o espectador de violência gratuita. O trabalho infantil é exposto numa cena de impressionante plasticidade, quando o garoto Margarito (José Estrada) é coberto de poeira de uma explosão numa mina que corrói uma das montanhas da região.  Tatiana Huezo estréia no longa-metragem em grande estilo.

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