Semanas atrás fui convidada para apresentar um evento. Era o lançamento da candidatura da advogada Anna Carla Lopes, filha da saudosa defensora pública Fátima Lopes, à vaga de desembargadora pelo Quinto Constitucional. Fui, como quem vai para um evento convencional, mas fui pega pelo inesperado em um compromisso da advocacia ou do judiciário. A festa de Anna Carla foi surpreendente.
Eu, crítica por natureza, odeio os releases que mencionam que os candidatos foram tomados por emoção. Acho piegas e quase sempre falso. Mas, no caso do evento de Anna até a apresentadora ficou emocionada.
Mas, o que houve lá para mexer comigo?
Os depoimentos. Eles foram vigorosos, apaixonados, agradecidos, esperançosos de que uma mulher com o perfil de Anna Carla pudesse ser uma desembargadora representando a advocacia militante, mas, muito além disso: as mulheres com tripla jornada, aquelas que herdam a responsabilidade e precisam dar certo. O eleitorado dali queria a representatividade de quem tem sonhos e espera ser tratado como ser humano, valorizado, estimulado, respeitado.
Veteranas cruzaram o Estado para estar com Anna. Jovens advogadas, também. Sem dinheiro para se hospedar em hotel, a opção foi a casa da candidata para não perder a oportunidade de declarar o engajamento naquela causa.
Minha veia ácida se rende sempre à emoção verdadeira. Alguém profetizou por lá que Anna teria herdado o DNA pioneiro da mãe, que foi a primeira defensora pública geral da Paraíba e poderia chegar ineditamente a ser a primeira desembargadora pelo Quinto Constitucional.
Depois disso, passei a escutar em momentos diversos e situações diferentes muitos advogados dizendo que o trabalho de “formiguinha” de Anna estava surpreendendo. Que ela era um nome muito forte, apesar de não estar nos holofotes.
Dizem que o futuro é feminino. Eu discordo. O presente já precisa urgentemente ser feminino. E numa eleição marcada pela novidade da paridade, se torna ainda mais eloquente que uma mulher simbolicamente ocupe o espaço do Pleno do TJPB e, sim, Anna Carla, se começou como uma formiguinha, fez uma mutação ao longo da campanha e se transformou numa formiga atômica.
Só por isso ela já seria vitoriosa.
A letra fria da lei precisa ser aquecida com a sensibilidade, palavra feminina.