Um surto de conjuntivite viral tem levado muitos pessoenses aos consultórios oftalmológicos. A doença causa vermelhidão, coceira, inchaço da conjuntiva, irritação, olhos inchados, olhos marejados, secreção ou secura, entre outros desconfortos. Por tudo isso, a corrida às farmácias tem sido intensa, na mesma proporção da frustração que a maioria dos pacientes tem por não encontrar um dos medicamentos mais frequentemente prescritos para minimizar os efeitos da doença: o colírio Tobracin-D não existe nas prateleiras das centenas de farmácias da capital paraibana.
A médica oftalmologista Mariana Nogueira confirmou, em entrevista ao ParlamentoPB, a existência de um surto de conjuntivite adenoviral, transmitida por fômites [Um fômite é qualquer objeto inanimado ou substância capaz de absorver, reter e transportar organismos contagiantes ou infecciosos (de germes a parasitas), de um indivíduo a outro]. “O paciente coça o olho e põe a mão na mesa e outro toca a mesa e depois leva a mão ao olho e assim a doença é transmitida”, disse a especialista. Segundo ela, a higiene é a principal forma de evitar o contágio: “Lavar as mãos, evitar apertos de mão, levar a mão aos olhos, preferir toalhas de papel às de tecido são algumas formas de diminuir o risco de contágio”, explicou.
De 7 a 14 dias – A duração da doença também é um problema sério enfrentado pelos pacientes. A médica Mariana Nogueira disse que a conjuntivite pode incomodar por até duas semanas e isso se dá porque os medicamentos não matam os vírus. “Os vírus se multiplicam muito rápido e nenhum remédio resolve a conjuntivite adenoviral. Nós recomendamos o uso abundante de lubrificante ocular e compressa fria para aliviar os sintomas, mas normalmente a doença piora até o sétimo dia e melhora depois disso. Ela dura cerca de 14 dias, sendo que quatro dias são de incubação. Depois disso, o paciente começa a manifestar os sintomas”, explicou.
Remédio em falta – Um dos medicamentos mais comumente recomendados pelos médicos para a conjuntivite é o colírio Tobracin D, um anti-inflamatório esteroidal que diminui o desconforto causado pela doença, mas não cura. Ele, contudo, está em falta nas farmácias de João Pessoa. Em uma delas, a balconista informou que o produto teria deixado de ser fabricado. “Não procede. O remédio continua em linha. O problema é o desabastecimento mesmo, mas o uso dele é controverso porque em alguns casos precisa ser passado quando vemos que está formando uma membrana. Mas, o remédio aumenta o risco de uma complicação tardia, lá pelo 10º dia, pelo uso de Dexametasona. Não é um uso consensual, embora ajude muito na redução dos sintomas, especialmente quando o paciente desenvolve uma pseudomembrana”, disse Mariana Nogueira. Segundo ela, contudo, outro remédio, o Tobradex, tem o mesmo efeito: “O Tobramicin D é mais barato. Por isso, muitos médicos prescrevem, mas com a falta no mercado, o melhor é optar pelo Tobradex mesmo”.