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A homenagem a Zito Buarque é válida?

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Essa semana foi aprovado um projeto polêmico na Câmara de Campina Grande. Foi de autoria do vereador Waldeny Santana, do União Brasil, o projeto de lei que dá o nome do médico e empresário José Buarque de Gusmão Neto, Zito Buarque, a uma rua do município. O único voto contrário foi da vereadora Jô Oliveira (PCdoB). O autor da matéria justifica a homenagem pelo fato de o empresário ter sido um destacado dirigente do Campinense Clube, tendo inclusive exercido a vice-presidência e a diretoria de futebol do time.

Mas, não foi pelo interesse nem pelo engajamento de Zito no futebol que a matéria despertou muitas reações contrárias. É que o empresário era proprietário da Usina Tanques na década de 80 e foi apontado como um dos mandantes do assassinato da líder sindical Margarida Maria Alves, que tinha denunciado a empresa ao Ministério do Trabalho por descumprimento da legislação trabalhista.

Coincidência ou não, no dia dia 12 de agosto completou-se 39 anos que Margarida foi morta na porta da casa onde morava em Alagoa Grande com um tiro no rosto disparado de uma espingarda calibre 12.

Cinco latifundiários foram acusados de serem os mandantes do crime, mas apenas dois foram julgados e absolvidos: Antônio Carlos Coutinho e Zito Buarque. Agnaldo Veloso Borges já faleceu e os irmãos Amaro e Amauri José do Rego deixaram a Paraíba e permanecem até hoje em lugar incerto e não sabido.

Ou seja, o crime ficou no arquivo da impunidade. Ninguém foi responsabilizado por ele.

Como todo assunto controverso, teve quem defendesse a homenagem, levantando o argumento de que Zito Buarque foi absolvido. É verdade. Mas, também não podemos esquecer que crimes cometidos por latifundiários, grandes empresários, autoridades poderosas raramente têm condenação.

Quem tiver alguma dúvida a respeito do manto de impunidade que rodeia assassinatos bárbaros cometidos aqui no Estado pode consultar um dos dois volumes de “Crimes que abalaram a Paraíba”, de Biu Ramos. Nele, o autor narra com riqueza de detalhes verdadeiras atrocidades que foram perpetradas nessas terras e da qual todos os acusados se safaram. Tem de tudo, desde a menina Francisca que foi espancada até a morte em Patos por um casal abastado, um crime hediondo que deu origem à Cruz da Menina, ponto de visitação até hoje; até o frade José de Jesus, que matou sua amante empalada na Bica dos Milagres, no Roger, e tudo que sofreu foi uma transferência para que o caso fosse abafado.

Historicamente, o poder econômico tem embaçado a visão da Justiça na Paraíba, que é cega para uns e para outros nem tanto.

Por isso, a absolvição de Zito é fato, mas nem por isso deixará de ser questionada. Pelo menos essa pena o assassinato de Margarida cobra da história.

Em tempo, Zito Buarque morreu de câncer em 22 de fevereiro de 2019, aos 70 anos.

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