O presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nesta quarta-feira (5) uso político de seu estado de saúde e defendeu os dias de descanso que teve antes de ser internado.
“Fizemos coisas fantásticas ao longo desses dias que dificilmente outro governo estaria fazendo. O presidente não tem férias. É maldoso quem fala que estou de férias. Eu dou minhas fugidas de jet sky. Dou lá uns cavalos de pau no Beto Carreiro”, afirmou, após receber alta hospitalar.
O presidente saiu nesta manhã do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde esteve internado desde a madrugada de segunda-feira (3) devido a uma obstrução intestinal.
Ele interrompeu os dias de folga em Santa Catarina após sentir dores abdominais. O problema no intestino é consequência da facada sofrida pelo então candidato em 2018.
Alvo de críticas
Em entrevista após a alta hospitalar, Bolsonaro disse que não cabe falar em vitimização ou em facada fake. Durante a semana, ele foi alvo de críticas ao divulgar imagens na cama de hospital e ao relembrar o atentado em 2018.
Questionado sobre o efeito político e eleitoral da internação, Bolsonaro afirmou que a pergunta era uma agressão ao cirurgião Antônio Luiz Macedo, que trata o presidente desde a facada, e aos médicos de Juiz de Fora (MG), onde o caso aconteceu.
Bolsonaro afirmou ter sofrido uma tentativa de homicídio. “As imagens mostram a faca entrando e o brilho dela, inclusive, quando sai. Falar que é uma faca fake?, questionou.
“A faca cortou dois vasos do mesentério dele. […] A facada ficou a um centímetro da veia cava inferior. […] Graças a Deus não pegou. […] Ficamos a noite inteira na UTI naquele 6 de setembro. […]
Dizer que isso não foi uma doença, uma agressão ou tentativa de homicídio…”, ponderou Macedo.
“Efeito político? Eu não queria estar aqui. Estava previsto na terça-feira retornar a Brasília. […] Estou me vitimizando? Está de brincadeira comigo. Dr. Macedo tem sua honra e eu a minha. Temos muito a zelar.”, completou Bolsonaro.
Ao citar pontos da investigação a respeito de Adélio Bispo de Oliveira, o autor da facada, Bolsonaro afirmou que o caso “está muito parecido com o Celso Daniel”. O presidente disse ainda esperar que a investigação avance.
“Não está difícil de desvendar esse caso. Vai chegar em gente importante com toda certeza. Não foi da cabeça dele que ele fez aquilo. Não há dúvida da tentativa de homicídio. Eu queria estar jogando futebol apesar da idade. Queria estar fazendo mais coisa, não faço.”
Os boletins médicos vinham registrando melhora do presidente. Na terça (4), o hospital informou que a obstrução se desfez e que uma cirurgia foi descartada. O presidente reagiu bem à dieta líquida e teve a sonda nasogástrica retirada.
Inicialmente, o presidente recebeu antibióticos e alimentação por meio de sonda nasogástrica, hidratação e reposição de glicose e eletrólitos (especialmente sódio e potássio) para que seu intestino voltasse a funcionar. O presidente respondeu ao chamado tratamento conservador —sem intervenção cirúrgica.
Nas redes sociais, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, publicou uma foto de Bolsonaro caminhando na terça. O presidente e seus seguranças não usavam máscaras.
Folha de S. Paulo