Antes tarde do que nunca, a atriz e ex-deputada federal Bete Mendes recebe uma honrosa homenagem do festival de Cinema de Vitória que começa nesta segunda, 19 de setembro e se estende até sábado, 24, no Cine Teatro Glória (do Centro Cultural Sesc Glória). Compõem o festival 13 mostras que dão conta da diversidade temática e de formatos do cinema brasileiro com longas, curtas, filmes experimentais, de temática LGBTQIA+, mostras de mulheres no cinema, negritude, cinema de bordas (de produções periféricas), cinema ambiental, videoclipes, cinema fantástico e de horror. O festival é, provavelmente no país, o de maior número de mostras com as mais diversas temáticas.
Na versão presencial da 28ª edição em junho deste ano, a paraibana Marcélia Cartaxo foi a grande reverenciada pela expressiva contribuição ao cinema brasileiro com as inesquecíveis personagens Macabéia (‘A horda estrela’, da cineasta Suzana Amaral) e ‘Pacarrete’, de Alan Deberton, dois momentos de grande reconhecimento do público e da crítica. O festival de Vitória, como nenhum outro no país, produz um caderno para a pessoa homenageada que que se torna um verdadeiro objeto de desejo para o (a) artista e os seus fãs. O caderno, com mais ou menos 80 páginas e excelente qualidade de impressão, apresenta a história da vida da artista vastamente ilustrada com fotos de arquivo e outras produzidas de forma exclusiva para a edição. Esse mimo faz a diferença.
Para o caderno das atrizes Marcélia Cartaxo e Bete Mendes tive o privilégio de colaborar com um texto de apresentação por conta da proximidade com as duas. Marcélia é uma irmã de décadas e Bete uma aquisição afetiva mais recente. Claro, o incenso estará no ar. Além de queridas, têm toda a minha reverência. Nesta edição, Marcélia Cartaxo estará mais uma vez em evidência como o filme ‘A mãe’ (2022) de Cristiano Burlan, na Mostra Competitiva de longas-metragens. Por vestir a pele de Maria, em ‘A mãe, a atriz recebeu o Kikito de Melhor Atriz no Festival de Gramado deste ano. O filme também foi agraciado com a Melhor Direção e Desenho de som.
A 29ª edição do Festival de Cinema de Vitória é uma longeva jornada levado a cabo pela produtora e cineasta Lúcia Caus e sua “intrépida trupe” da Galpão. É um panorama abrangente da produção do cinema e do audiovisual brasileiro, como mencionamos, por conta do número de mostras. No total serão 83 produções que estarão desfilando na telona do Cine Sesc Glória, no centro de Vitória-ES. O privilégio do longa-metragem de abertura será ‘A mãe” (Cristiano Burlan, Fic. 93’, SP), com a presença do diretor e da atriz Marcélia Cartaxo. Os outros filmes na competição da categoria são ‘A mãe de todas as lutas (Susanna Lira, doc, 84’, RJ), ‘Ursa’ (de William de Oliveira, Fic. 70’, PR); ‘Germino pétalas no asfalto’ (Coraci Ruiz e Julio Matos, Doc, 79’, SP) e ‘Capitão Astúcia’ (Filipe Gontijo, Fic, 90’, DF).
O longa ‘Capitão Astúcia’ traz o paraibano Fernando Teixeira no papel-título. Para o crítico gaúcho Robledo Milano (Papo de Cinema), “acompanhar um veterano como Teixeira de máscara e capa improvisada defendendo transeuntes e ambulantes contra empresários marcados pelo excesso e pela ganância, é por si só motivo para se dar uma chance a esse Capitão Astúcia.” E prossegue: “Esse alinhamento entre extremos – o jovem careta, o velho irreverente – não é uma estrutura nova, mas funciona não só pelo nível de entrega da dupla – a química entre eles é perceptível, tanto pelo acanhamento de um como pela vivacidade de outro – mas também pela inserção de um terceiro elemento que acaba funcionando como elo de ligação: a cuidadora vivida por Nívea Maria.” Vamos conferir. Partindo Vitória!